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Antes de
tudo, é importante lembrar que o primeiro sacerdote nascido em Bocaina veio ao
mundo em 02 de março de 1859. Joaquim Antônio de Sousa Leal, filho legítimo de
Antônio Borges de Sousa Brito e Joana Rosa de Sousa, foi batizado em 13 de
junho daquele mesmo ano na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, em
Picos. Seus padrinhos foram seu avô paterno, Nicolau Borges de Sousa, e a
figura de Nossa Senhora.
Por volta
de 1877, Joaquim foi enviado para a cidade de São Luís, capital do Maranhão, a
fim de iniciar seus estudos no Seminário de Santo Antônio.
Depois de
oito anos dedicando-se aos estudos de filosofia e teologia, ele considerou-se
preparado para receber o sacramento da ordenação e iniciar sua jornada como
padre.
Em
seguida, no final de 1885, teve início o processo conhecido como habilitação
de gênese, destinado a verificar a legitimidade do candidato e a vida de
seus antepassados de acordo com a fé católica. Esse processo era uma procuração
eclesiástica voltada à investigação da conduta do indicado e de seus
ancestrais, com o objetivo de descobrir qualquer possível heresia.
Nesse
contexto, em 21 de dezembro de 1885, o Dr. João Tolentino Gadelha Mourão —
vigário-geral, juiz de gênese e figura de destaque no bispado de São Luís —
enviou uma comunicação ao pároco da freguesia de Nossa Senhora dos Remédios, em
Picos, solicitando que investigasse a capacidade e a integridade de Joaquim
para assumir as ordens sagradas.
Por meio
desse documento, o ar cipreste determinava que o reverendo pároco informasse,
com discrição e justiça, sobre a competência, integridade, costumes e aptidão
de Joaquim Antônio de Sousa Leal, então com 26 anos, nascido e batizado na
paróquia de Picos, residente no Seminário de Santo Antônio e filho legítimo de
Antônio Borges de Sousa Brito e Joana Rosa de Sousa. Após essa análise, o
pároco deveria enviar as informações à comarca eclesiástica, devidamente
seladas e registradas.
Logo
depois, o pároco de Picos, João Severino Miranda Barbosa, respondeu ao juiz
Mourão em 26 de janeiro do ano seguinte, afirmando que nada havia que
desabonasse a integridade de Joaquim para ocupar funções eclesiásticas.
Posteriormente,
em 1886, novas comunicações foram enviadas a respeito de Joaquim Antônio de
Sousa Leal. O padre Mourão solicitou que o pároco de Picos recrutasse sete
testemunhas aleatórias e “sem interesse” que conhecessem o ordinando para depor
sobre ele. As testemunhas foram questionadas com perguntas padrão utilizadas em
todos os processos de gênese: onde nasceram, quem eram seus pais e avós, e se
algum deles havia cometido crime ou heresia.
As
pessoas que testemunharam foram:
- ·
Vicente do Rêgo Barros, capitão da Guarda Nacional,
casado, 43 anos, natural e residente em Picos;
- · Raimundo Antônio de Macêdo, capitão reformado da
Guarda Nacional, comerciante, casado, 50 anos;
- ·
Francisco Pereira dos Santos, 54 anos, casado e
residente na vila de Picos;
- ·
Teotônio de Sousa Pacífico, 36 anos, natural de
Pernambuco e habitante da vila de Picos;
- ·
Adriano Moreira Cidade, 60 anos, viúvo, natural do
Rio de Janeiro e morador de Picos;
- ·
Francisco do Rêgo Barros Paim, 42 anos, natural do
Ceará e residente em Picos;
- ·
Romão José dos Martírios, capitão da Guarda
Nacional, 46 anos.
Todas as
testemunhas declararam conhecer Joaquim Antônio, seus pais e avós — todos
católicos —, afirmando que jamais haviam cometido heresia. Contudo, mencionaram
um crime cometido pelo avô materno do ordinando, Francisco Ezequiel de Sousa
Brito, que havia assassinado um homem com uma faca após levar um tapa.
Com o
processo de gênese concluído, foi elaborado um registro patrimonial sobre
Joaquim. O documento informava que ele recebera de seus pais uma propriedade em
Bocaina, avaliada em 600 mil réis, que incluía um açude e um engenho de açúcar.
Além
disso, o padre Joaquim possuía em Bocaina um extenso rebanho de gado, sob a
responsabilidade de seu irmão Zezé Leal.
Alguns
anos depois, em 1891, após ser ordenado padre, foi designado para ser pároco em
Buriti dos Lopes. Ao assumir essa função, continuou servindo no mesmo
local até o fim de sua vida.
Posteriormente,
ao se estabelecer em Buriti dos Lopes, passou a residir na casa paroquial, onde
conheceu uma jovem vizinha chamada Cecília Rosa de Sousa.
Com o
passar dos meses, o padre Joaquim desenvolveu uma afeição por Cecília. Ao
perceber que o sentimento era mútuo, acabou por ceder à tentação e violou o
voto de celibato, o que resultou na gravidez da jovem no final de 1893.
Em 03 de
agosto de 1894, nasceu a criança fruto dessa relação: Raimundo Estêvão de
Sousa. Pouco antes de completar 17 anos, ele se casou com sua prima Joana
Rosa Portela Leal, em 27 de julho de 1911, filha de José Antônio de Sousa Leal
e Maria do Ó Portela Leal.
Entretanto,
o romance entre o padre e Cecília continuou. A população de Buriti dos Lopes
tinha conhecimento do relacionamento, mas não houve escândalos nem repúdio. Era
de conhecimento popular que existia uma passagem secreta entre a
residência do padre Joaquim e a de Cecília, pois as casas tinham paredes
contíguas. Essa passagem era utilizada pelo casal para se encontrar
discretamente.
Apesar
disso, Joaquim era profundamente amado pelos moradores devido ao seu trabalho
pastoral, sendo carinhosamente conhecido como Padre Leal.
Posteriormente,
em 26 de julho de 1901, nasceu o segundo filho do relacionamento, uma menina
chamada Ana Rosa de Sousa.
Além de
atuar como pároco em Buriti dos Lopes, Padre Leal também serviu como vigário em
Parnaíba e Piracuruca nos primeiros anos do século XX. Além disso, costumava
celebrar missas em sua cidade natal, Bocaina, especialmente em datas festivas e
casamentos familiares.
Por fim,
a trajetória do padre Joaquim Antônio de Sousa Leal encerrou-se em 10 de
outubro de 1930. Apesar de suas imperfeições humanas, ele deixou um legado de
fé, caridade e dedicação que permanece vivo na memória dos cidadãos de Buriti
dos Lopes e Bocaina.
Na
ocasião de sua morte, Padre Leal tinha 71 anos, dos quais cerca de 44 foram
dedicados ao sacerdócio e 39 à função de pároco em Buriti dos Lopes. Ele deixou
02 filhos, 01 genro, 01 nora e 06 netos.
Finalmente,
seu sepultamento ocorreu na Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, em Buriti dos
Lopes. Em sua homenagem, foi colocada uma lápide em seu túmulo e,
posteriormente, uma rua da cidade passou a se chamar Rua Padre Leal,
perpetuando sua memória na história local.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
16 de agosto 147 anos da Paroquia de Buriti dos Lopes. Disponível em: >(https://www.portalburitiense.com.br/2011/08/15/16-de-agosto-147-anos-da-paroquia-de-buriti-dos-lopes/)<. Acesso em 06 de janeiro de 2024.
Biografia do Padre Leal. Disponível em: >(https://alexborgessalvandomemorias.blogspot.com/2025/04/biografia-do-padre-leal.html)<. Acesso em 06 de maio de 2025.
Dados para uma história eclesiástica do Ceará. Disponível em: >(https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-apresentacao/RevPorAno/1957/1957-DadosHistoriaEclesiasticaCeara.pdf)<. Acesso em 06 de janeiro de 2024.
Padre Joaquim Antônio de Sousa Leal. Disponível em: >(https://ancestors.familysearch.org/pt/LB5X-WKH/padre-joaquim-ant%C3%B4nio-de-sousa-leal-1859-1930)<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.

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