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sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Origem do sobrenome Da Hora em países estrangeiros

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O sobrenome 'da Hora' tem origem em Portugal, onde 'da' funciona como uma preposição similar a 'de' e 'Hora' se traduz como 'hora' ou 'tempo'. Pensa-se que esse nome possa ter surgido em lembrança a alguém famoso por ser pontual. Outra possibilidade é que tenha sido dado a pessoas que desempenhavam papéis como cronometristas ou vigias.

No território português, o sobrenome 'da Hora' é relativamente raro se comparado a outros sobrenomes. Ele é encontrado principalmente em regiões específicas do país, sobretudo no Norte. Embora não seja tão comum quanto muitos outros sobrenomes portugueses, 'da Hora' detém um significado histórico importante para aqueles que o carregam.

Já no Brasil, o sobrenome 'da Hora' é bastante mais comum, com um total significativo de 24.969 registros. É provável que esse sobrenome tenha sido trazido para o Brasil durante a época da colonização portuguesa, integrando-se no rico panorama cultural e étnico brasileiro.

Na Espanha, o sobrenome 'da Hora' é bastante incomum, com apenas 23 registros. Existe a possibilidade de que esse sobrenome também tenha origens espanholas, considerando os vínculos históricos entre os dois países. Indivíduos com o sobrenome 'da Hora' na Espanha podem ter ancestrais que migraram de Portugal ou vice-versa.

Nos Estados Unidos, a presença do sobrenome 'da Hora' é ainda mais escassa, com apenas 06 registros. É bastante provável que aqueles que carregam esse sobrenome nos EUA sejam descendentes de imigrantes de Portugal ou da Espanha que trouxeram o nome ao se estabelecerem na nova terra.

Na África do Sul, o sobrenome 'da Hora' possui apenas 03 registros. É possível que tenha sido introduzido no país por colonizadores portugueses ou espanhóis durante a época colonial. Os indivíduos que possuem o sobrenome 'da Hora' na África do Sul podem ter laços com suas origens portuguesas ou espanholas.

Em países como Afeganistão, Canadá, Chile, França, Inglaterra, Itália, Holanda, Peru, Portugal e Paraguai, o sobrenome 'da Hora' é ainda mais raro, com uma única ocorrência em cada um desses locais. Apesar de sua raridade, esse sobrenome pode ter um significado especial para aqueles que o carregam, ligando-os às suas heranças portuguesas ou espanholas.

Em resumo, o sobrenome 'da Hora' possui origem portuguesa e se espalhou por vários países, sendo mais prevalente no Brasil. Em Portugal, Espanha, Estados Unidos, África do Sul e outras nações, aqueles que têm o sobrenome 'da Hora' mantêm uma conexão com sua herança portuguesa ou espanhola, refletindo a rica diversidade histórica e a troca cultural entre esses países.

 

Como identificar o sobrenome Da Hora na sua árvore genealógica

Se o sobrenome Da Hora faz parte da sua história familiar, você pode rastrear seus antepassados ​​com diversas estratégias:

1. Plataformas de genealogia: Use ferramentas como FamilySearchAncestry ou MyHeritage para pesquisar registros de nascimento, casamento e óbito relacionados ao sobrenome Da Hora. Filtros por região podem ajudar você a encontrar informações específicas sobre o Nordeste do Brasil.

2. Arquivos históricos locais: Nas cidades do Nordeste, muitas igrejas e cartórios possuem registros históricos que podem conter informações valiosas sobre seus antepassados.

3. Participe de comunidades on-line: participe de grupos de genealogia no Facebook ou siga perfis no Instagram que compartilham dicas de pesquisa genealógica. Estas comunidades podem fornecer apoio, partilhar informações e até conectar parentes distantes.

4. Procurando sobrenomes comuns na área: Em pesquisas genealógicas, é importante lembrar que o sobrenome Da Hora pode sofrer alterações ortográficas ou combinar com outros sobrenomes ao longo do tempo.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

De onde vem o sobrenome Da Hora e a origem. Disponível em: >(De onde vem o sobrenome Da Hora e a origem)<. Acesso em 12 de julho de 2024.

Sobrenome Da Hora. Disponível em: >(Sobrenome Da Hora))<. Acesso em 18 de julho de 2024.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Templo de Baalbeck: uma joia no Oriente Médio

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O Templo de Baalbeck, uma das estruturas arquitetônicas mais fascinantes da antiguidade, não é apenas uma joia do Oriente Médio, mas também um tesouro para os curiosos sobre história e genealogia. Conhecido como o “Sol das Cidades”, o templo, localizado no Líbano, carrega consigo milênios de histórias que conectam diferentes culturas e períodos históricos. Este artigo tem como objetivo traçar um panorama do Templo de Baalbeck, enfatizando o seu papel como ponto de encontro cultural e a importância que pode ter para quem busca descobrir suas origens e fortalecer os laços genealógicos.

 

Baalbeck: história e significado cultural

O Templo de Baalbeck está localizado numa antiga cidade do Líbano, rodeado de mitos e lendas que o ligam a civilizações como os romanos, os fenícios e os gregos. Originalmente construído para homenagear as divindades romanas Júpiter, Vênus e Baco, o templo foi adaptado e reutilizado por diferentes culturas ao longo dos séculos, ajudando a torná-lo um verdadeiro mosaico de influências culturais. A cidade de Baalbeck, reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO, era um importante centro religioso e comercial. Para os genealogistas, isso significa que foi ponto de encontro de pessoas de diversas origens, incluindo fenícios, romanos, árabes e cristãos. Esse afluxo de pessoas ao longo dos séculos faz de Baalbeck um lugar fascinante para entender como a migração e o intercâmbio cultural afetam a história familiar de muitos brasileiros, especialmente aqueles de ascendência árabe ou mediterrânea. 

 

A influência da diáspora libanesa no Brasil

No Nordeste do Brasil há uma presença significativa de descendentes de imigrantes libaneses e sírios que chegaram ao país no final do século XIX e início do século XX. Muitas destas famílias têm raízes ligadas, direta ou indiretamente, à região de Baalbeck. A curiosidade pelo templo, que por si só é um símbolo dos vínculos entre o Oriente e o Ocidente, pode despertar nos brasileiros o desejo de investigar suas origens e compreender melhor o legado de seus antepassados. Para aqueles que constroem uma árvore genealógica ou organizam registros familiares, compreender o contexto histórico de Baalbeck pode acrescentar profundidade à história da família. É possível que um ancestral tenha passado por esta região antes de migrar, ou que as tradições culturais preservadas na família tenham origem no antigo Líbano. 

 

Como o Templo de Baalbeck pode enriquecer sua pesquisa genealógica

Ao explorar as conexões do Oriente Médio, especialmente se a genealogia de sua família inclui descendentes libaneses, compreender Baalbeck pode ser um excelente ponto de entrada. Listamos algumas sugestões de como o templo e sua história podem ajudar no processo de pesquisa genealógica:

1. Antecedentes Culturais e Religiosos: Conhecer o significado religioso e cultural de Baalbeck pode ajudá-lo a compreender as práticas e tradições familiares, proporcionando uma conexão mais emocional com seus antepassados ​​e suas experiências. As tradições transmitidas de geração em geração estão frequentemente profundamente enraizadas em rituais antigos praticados em templos como Baalbeck. 

2. Migrações e laços familiares: Durante séculos, Baalbeck tem sido um ponto de encontro entre culturas. Saber mais sobre como essa região foi um centro de intercâmbio cultural pode ajudar você a encontrar registros de ancestrais que passaram pela cidade ou fizeram conexões com outras comunidades por meio do comércio ou da religião. 

3. Fotos e documentos de família: Se você tiver fotos antigas ou documentos que mencionem lugares no Oriente Médio, verifique se há uma conexão com Baalbeck ou cidades próximas. Em algumas famílias é possível que alguns objetos ou documentos tenham sobrevivido ao longo do tempo, carregando símbolos e significados que podem vir da região. 

4. Confira Comunidades Genealógicas: Se você se sentir sozinho em seu projeto genealógico, participar de comunidades online e grupos de mídia social focados em ancestrais libaneses e sírio-libaneses pode ajudar. Muitos grupos fornecem informações e compartilham conhecimentos sobre registros de imigração e outros documentos que podem ajudar no processo de busca.

 

Plataformas genealógicas para explorar as conexões de Baalbeck

Para genealogistas que desejam explorar suas conexões com Baalbeck e o Líbano, plataformas como FamilySearch, Ancestry e MyHeritage fornecem excelentes bancos de dados e ferramentas para encontrar informações sobre seus antepassados. Porém, nem sempre é fácil navegar nesses sites, principalmente para quem está começando.

Aqui estão algumas dicas para otimizar sua pesquisa:

FamilySearch: Esta plataforma permite acesso a registros de batismo, casamento e imigração de diferentes partes do mundo. Ao procurar ancestrais que possam ter vindo do Oriente Médio, insira sobrenomes comuns em áreas próximas a Baalbeck, como "Haddad" ou "Beirute".

Meus antepassados ​​e herança: Estas plataformas incluem arquivos genealógicos de diferentes nacionalidades. Use filtros regionais para restringir as áreas do Oriente Médio e visualize coleções de documentos de imigração para entender melhor como seus antepassados ​​chegaram ao Brasil. 

 

Desafios e soluções para encontrar documentos do Oriente Médio

A investigação genealógica sobre famílias do Médio Oriente pode ser um desafio, especialmente devido à perda de registos durante conflitos e migrações. No entanto, algumas dicas práticas podem ajudar:

1. Rede Genealógica: Grupos do Facebook e fóruns especializados podem ser úteis para compartilhar informações com pessoas que procuram o mesmo tipo de documento.

2. Registros da Igreja e de Casamento: Muitas famílias mantêm registros religiosos que podem conter informações cruciais sobre a origem de seus antepassados. Se você possui documentos em árabe, vale a pena traduzi-los, pois podem conter detalhes específicos sobre cidades e regiões. 

3. Participação em grupos de pesquisa e viagens culturais: Para quem deseja se conectar ainda mais profundamente com suas origens, alguns grupos genealógicos organizam viagens ao Líbano, oferecendo uma oportunidade única de visitar lugares como o Templo de Baalbeck e de mergulho. na cultura e história local.

O Templo de Baalbeck é mais do que um monumento histórico:  é um elo entre gerações e um símbolo de sustentabilidade cultural. Para quem busca construir sua árvore genealógica e preservar a história familiar, compreender os contextos culturais de regiões como o Líbano pode abrir novas perspectivas e enriquecer o processo de descoberta. Baalbeck, com sua história milenar, oferece um ambiente inspirador para quem no Brasil e no mundo quer encontrar mais do que apenas documentos: busca conexões, significados e legados que remontam a gerações. Para aqueles que moram no Nordeste do Brasil e estão explorando a genealogia como forma de manter vivas as memórias familiares, Baalbeck pode ser a próxima parada em sua jornada.

Aprofundar-se na história de um lugar tão icônico pode trazer não apenas novas descobertas, mas também a emoção de se sentir parte de uma rica tapeçaria cultural que transcende o tempo e o espaço.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Ruínas da Acrópole de Baalbeck contrastam com a paisagem da região. Disponível em: >(Ruínas da Acrópole de Baalbek contrastam com a paisagem da região)<. Acesso em 25 de outubro de 2024.

As ruínas de Baalbeck. Disponível em: >(As Ruínas de Baalbek – VIAJA DAQUI)<. Acesso em 26 de outubro de 2024.

Descubra Baalbeck no Líbano. Disponível em: >(Descubra Baalbek, no Líbano – Monitor do Oriente)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

terça-feira, 2 de setembro de 2025

Frederick Charles Glass

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Frederick Charles Glass, nascido aproximadamente em 1891, é filho de Charles John Glass e Mary Anne Biggs. Em 1ª núpcia foi casado com Dorothy Claxton Glass, ela sendo filha de Anna Claxton Fidler. Desse matrimônio tiveram 06 filhos. São eles:

1. Eva Glass

2. Charles Glass

3. Fred Glass

4. David Glass

5. Phillip John Glass

6. George Harold Glass

Frederick, em 2ª núpcia se casou com Fanny Crawley, ela sendo filha de Thomas Toulson e Katherine Toulson.

Frederick Charles Glass se destacou como um dos colportores mais conhecidos no Brasil. A sua tarefa de disseminar as Escrituras Sagradas foi registrada em seus livros: "Adventures with the Bible in Brazil", "With the Bible in Brazil", "A Thousand Miles in a Dug-Out" e "Through the Heart of Brazil".

Os colportores eram indivíduos que percorriam comunidades, vendendo Bíblias e obras de literatura cristã. Muitos deles foram recrutados pela Sociedade Bíblica Britânica e pela Sociedade Bíblica Americana.

O livro "Adventures with the Bible in Brazil" foi publicado no Brasil sob o título "Aventuras com a Bíblia no Brasil". Ele era missionário da South American Evangelical Mission e colportor pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.

Frederick Glass, natural da Inglaterra, chegou ao Brasil em 1892, contratado por uma grande companhia ferroviária brasileira, e ainda não havia se convertido.

O Sr. Glass firmou um contrato com uma companhia britânica no setor de mineração em Minas Gerais.

Foi através de um evangelista canadense chamado Reginald Young que o Sr. Glass decidiu se entregar a Cristo.

Quando sentiu o chamado para o trabalho missionário, ele hesitou, pois ainda tinha um contrato de mais dois anos com a empresa de mineração. Glass sofreu uma intoxicação por hidrogênio arsenicado e milagrosamente se recuperou sem assistência médica. Assim, a companhia de mineração optou por cancelar seu contrato, permitindo que ele seguisse sua missão sem impedimentos, visto que como colportor precisava viajar extensivamente pelo Brasil.

Em uma entrevista ao renomado jornal Diário de Pernambuco (edição nº 262 de 7 de novembro de 1943), o jornalista A. Malta fez uma reportagem intitulada "Um missionário inglês entre índios brasileiros", onde o próprio Sr. Glass compartilha detalhes de sua experiência no Brasil. Nessa reportagem, é mencionado como o Sr. Glass começou a atuar como colportor:

“Em 1898, Frederick Charles Glass fez sua primeira jornada como vendedor de Bíblias, viajando a cavalo de Ouro Preto a Vitória, no Espírito Santo. ‘Entretanto, era bastante complicado convencer os clientes com meu português difícil’. No ano seguinte, ele percorreu de trem de Petrópolis a Araguari, onde adquiriu sete animais e os usou para atravessar o estado de Goiás. Depois, conseguiu entrar no estado de Mato Grosso, onde teve seu primeiro contato com os índios brasileiros – os bororós, nas proximidades das nascentes do rio das Mortes. ‘Não vi os indígenas, mas os ouvi me acompanhando pelo mato à beira da estrada. Foi perto de Cuiabá que encontrei um índio pela primeira vez.’"

Frederick Charles Glass passou um bom tempo entre os indígenas e escreveu vários livros dedicados a narrar suas experiências, especialmente com os índios Carajás.

O Rev. Frederick C. Glass iniciou, em 1909, uma viagem pelas áreas do Araguaya com a intenção de explorar a viabilidade de fundar uma missão da igreja evangélica, à qual ele pertence, entre os índios Carajós, que estavam até então esquecidos. O resultado dessa investigação sagrada foi publicado recentemente neste curioso livro, que, embora tenha um foco religioso, também serve como um belo repositório de fatos, histórias e observações sobre os descendentes dos primeiros habitantes do Brasil. O Sr. Glass navegou pelo Araguaya e visitou a Ilha do Bananal, onde as tribos carajós se encontraram em esconderijo.

Um encantador artigo, escrito por Frederick Charles Glass, intitulado "Atravez do Territorio dos Indios Carajás," foi divulgado no Jornal Batista em 18 de dezembro de 1919. O missionário Frederick C. Glass faleceu em 1960 e foi enterrado no Brasil, mais precisamente no Rio de Janeiro, no Cemitério dos Ingleses, localizado na Gamboa.



Texto de Patrício Holanda




Referências bibliográficas:

Atravez do território dos índios. Disponível em: >(https://femissionaria.blogspot.com/2021/07/atravez-do-territorio-dos-indios.html)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Frederick Charles Glass. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/9Z39-79Q)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

A trajetória da evangelização indígena no Brasil. Disponível em: >(https://missoesnacionais.org.br/noticias/exposicao-todos-os-povos-a-trajetoria-da-evangelizacao-indigena-no-brasil/)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Livreto Maria Acauã para Crianças

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Nos próximos meses de 2025, o livreto Maria Acauã para Crianças será lançado na versão impressa, prometendo cativar jovens leitores e também tocar os corações dos adultos. A obra é escrita por Edson Carlos Alves e Eugênio Pacelly Alves, com ilustrações encantadoras de Milena Marques, apresentando de maneira lúdica e poética a inspiradora trajetória de Maria Acauã, uma figura emblemática da cultura sertaneja nordestina.

A história começa no interior de Pernambuco, na Fazenda Araújo, onde MariaMadalena Chaves, que mais tarde será conhecida como Maria Acauã, cresceu em meio à beleza e a caatinga do sertão. Desde a infância, destacava-se por sua bravura, espírito de aventura e habilidade de sonhar além das limitações da sua época.

Quando tinha 14 anos, Maria encontra Pedro José, um jovem escravizado que trabalhava nas terras de sua família. Desafiando todas as normas sociais e enfrentando o preconceito de seus pais, Maria e Pedro se apaixonam intensamente. Esse amor, embora proibido, é genuíno e leva os dois a tomar uma decisão audaciosa: escapar em busca de liberdade para construir sua própria narrativa.

A fuga foi repleta de dificuldades. Após dias sob o calor intenso do sertão, enfrentando florestas densas e montanhas traiçoeiras, Maria e Pedro superaram as incertezas do futuro motivados pelo poder do amor e pela esperança. Por fim, conseguiram abrigo no Engenho dos Capuxús, que hoje corresponde à Serra de Nova Fátima, onde puderam viver em paz e estabelecer um legado de coragem e determinação que ainda ressoa nos dias atuais.

Mais do que uma simples história de amor, Maria Acauã para Crianças convida à reflexão sobre valores fundamentais como resiliência, a luta pela liberdade e a importância de seguir o coração. A narrativa ilustra que, mesmo em face das maiores dificuldades, é viável sonhar e moldar um futuro diferente, guiado pelo amor e pela esperança.

O livreto, destinado às crianças descendentes da família Capuxú da Serra dos Cocos, no Ceará, utiliza uma linguagem acessível e encantadora, permitindo que os jovens leitores se aventurem em um mundo repleto de emoções, experiências e descobertas.

Com o lançamento marcado para este ano de 2025, a editora GuardaChuva reafirma seu compromisso de resgatar histórias que valorizam a memória cultural, enquanto instiga o público infantil a apreciar a leitura e a rica história de nosso povo.

Seja para ser apreciado em família, nas instituições de ensino genealógico ou de maneira autônoma, Maria Acauã para Crianças é uma criação que motiva, toca o coração e demonstra que o amor autêntico jamais pode ser contido.



Texto de Eugênio Pacelly Alves




Referências bibliográficas:

Pedro José de Carvalho. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/LC6L-9Q2)<. Acesso em 12 de janeiro de 2021.

Maria Madalena Chaves. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/9DHW-SL3)<. Acesso em 12 de janeiro de 2021.

Família Carvalho de Nova Russas. Disponível em: >(Família Carvalho de Nova Russas (GuardaChuva Educação))<. Acesso em 08 de agosto de 2024.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Entre a cruz e a estrela de Davi: A memória judaica nas famílias de Sobral e Groaíras

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A análise da presença judaica em Sobral e nas áreas vizinhas, assim como a ativação da economia de Sobral devido ao investimento judaico, é abordada pelo destacado historiador sobralense, Padre João Mendes Lira, que deixa saudades e é lembrado com carinho. 

Resumidamente, Lira mencionava que algumas famílias de Sobral e locais circunvizinhos eram descendentes de judeus conhecidos como "cristãos novos", oriundos de Portugal. Devido às constantes perseguições promovidas pelo Tribunal do Santo Ofício e pela Coroa Portuguesa, esses indivíduos foram forçados a se refugiar em outros lugares, incluindo o Brasil durante o período colonial. Além disso, Lira relatou diversos costumes e tradições de famílias em Sobral e Groaíras que mantinham estreitas conexões com o judaísmo, mas que foram ocultadas ao longo do tempo. Ele também revisitou acontecimentos trágicos do passado sobralense, resultantes da perseguição contra aqueles considerados de "sangue infecto".

O termo "Cristão Novo", conforme a perspectiva de Kaufman, refere-se a judeus que foram convertidos quase à força para evitar a morte, o exílio ou a perda de propriedade. Alguns foram acusados de "judaizar", ou seja, de praticar secretamente a religião de seus antepassados, o que resultou em acusações de apostasia em relação ao batismo. Entretanto, dentro da sociedade colonial, os preconceitos ainda eram predominantes. Existia uma estrutura social que diferenciava os cristãos-velhos, que eram católicos antes da conversão forçada dos judeus portugueses em 1497, dos cristãos-novos, que eram judeus convertidos recentemente e seus descendentes. Este sistema de distinção se manteve até o século XVIII. A ideia de "pureza de sangue" foi utilizada no século XVI para identificar aqueles que, racial e politicamente, se encaixavam no ideal do português branco e cristão-velho. Os descendentes dos cristãos-novos tinham restrições para entrar na carreira militar ou exercer cargos políticos.

De acordo com Pierre Bourdieu, as narrativas de vida não seguem um padrão de progresso linear, com um início, intermediários e um término. A realidade é fragmentada, composta por diferentes elementos sobrepostos, cada um singular e mais difícil de compreender, porque aparece de maneira aparentemente aleatória, sem planejamento. No entanto, não é impossível resgatar as narrativas de vida ao se abordar a memória e a identidade social, uma vez que ao se refletir ou mesmo recordar a memória de um grupo, é provável que se identifiquem características comuns e recorrentes ligadas ao seu passado.

A introdução da Inquisição no Brasil ocorreu em torno de 1591, quando o Tribunal de Lisboa fez sua primeira inspeção em Pernambuco e Bahia, impulsionada pela chegada substancial de cristãos-novos ao Brasil, muitos dos quais foram atraídos pelo crescimento acelerado da economia açucareira. Com algumas possíveis exceções, podemos dizer que esse período foi, inicialmente, caracterizado por uma certa calma, onde judeus e cristãos-novos podiam expressar sua fé em sinagogas caseiras improvisadas, permitindo que eles se casassem abertamente, livres das severas punições e proibições ligadas à contaminação ritual e sangue, frequentemente impostas por grupos religiosos mais conservadores e setores da população.

Portanto, é possível afirmar que o ambiente relativamente pacífico e a "livre" expressão de fé experimentada por alguns trouxeram uma sensação de liberdade, especialmente para os novos judeus que se converteram ao cristianismo, assim como para aqueles que não estavam interessados em praticar o judaísmo, mas que buscavam um lugar sereno para viver do outro lado do oceano.

É registrado na história que durante o século XVII, novas atividades dos agentes do Santo Ofício ocorreram no Brasil colonial, e é importante destacar como a Inquisição Moderna, predominante em Portugal e Espanha, possuía características únicas. Diferentemente da Inquisição Medieval, contava com uma estrutura fixa, um sistema organizado e hierarquizado de agentes que atuavam continuamente, equipados com estratégias cruéis. Nos séculos XVII e XVIII, as perseguições promovidas pela Inquisição atingiram seu auge em Portugal e no Brasil colonial.

Os agentes do Santo Ofício tinham a capacidade de fazer com que indivíduos delatassem qualquer pessoa, incluindo filhos, pais, avós, irmãos, amigos ou inimigos. Aqueles que tivessem qualquer proporção de “sangue impuro”, ou “sangue judeu”, estavam sempre em risco de serem presos e enviados a Lisboa para julgamento pelo crime de heresia judaica. Quanto a esse crime, podiam ser inocentes ou culpados – o Santo Ofício demonstrava maior interesse em capturar cristãos-novos do que hereges; se fossem convertidos, certamente eram considerados culpados – o judaísmo era visto, para os inquisidores, como algo que era transmitido através do sangue. O Tribunal “precisava de testemunhos”, requerendo longas filas de acusados nos autos de fé para que, como afirmou D. Luís da Cunha, justificassem o deplorável estado do Reino português. (GORENSTEIN, 2012, p. 01).

Não se tem clareza sobre quando exatamente a imagem do judeu começou a ser distorcida e marcada negativamente, em um movimento de antissemitismo que certamente evoluiu gradualmente ao longo de milênios. Esse desenvolvimento se baseou, em grande medida, na noção de uma separação essencial entre cristãos e judeus, como é possível observar nas escrituras do Novo Testamento da Bíblia Cristã. Assim, os judeus não se integravam facilmente nos grupos cristãos (principalmente católicos) em expansão, que se tornavam progressivamente mais dominantes e opressores.

É relevante mencionar que a Inquisição teve duas fases, a Medieval e a Moderna. Na sua etapa inicial, que abarcava países como Itália, França, Alemanha e Portugal, a inquisição medieval aplicava penalidades relativamente "mais brandas" em comparação aos horrores vistos em períodos posteriores da história. A excomunhão era uma penalidade comum, embora a tortura já fosse amplamente utilizada e permitida pelo papa desde 1252, como um meio para obter confissões. Na sua segunda fase, a Inquisição moderna ocorreu entre os séculos XV e XIX, especialmente em Portugal e na Espanha. Esses países desenvolveram métodos próprios de investigação, vigilância e tortura.

Os judeus não são um povo com um passado histórico definido, nem mesmo um grupo arqueológico. Eles são um povo que se relaciona com a geologia. Com suas fendas e colapsos, bem como camadas e magma ardente. Os registros dessa comunidade devem ser avaliados em uma escala de mensuração diferente. 

“Os Judeus”, Yehuda Amichai. (OZ, 2015, p. 121).

As sesmarias que foram concedidas a Antônio da Costa Peixoto, de origem portuguesa, e a Leonardo de Sá, da Olinda, em 1702, pelo capitão-general de Pernambuco, Dom Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro, deram origem a um centro de atração, formando uma pequena comunidade ao redor da chamada fazenda Caiçara. Este é o embrião do que hoje conhecemos como Sobral, no Ceará, situada na margem esquerda do rio Acaraú. Entre 1731 e 1742, é provável que José de Xerez Furna Uchoa, um descendente de judeus e cristãos-novos, tenha se mudado para lá, após uma visita à Caiçara. Aproveitando a beleza do local, ele decidiu estabelecer-se na então vila de Januária, tornando-se proprietário de terras e alcançando considerável prestígio. Originário de Goiana, Pernambuco, que é um local de onde muitos colonizadores do Ceará se originam, José é filho de Francisco Xerez Furna, capitão e juiz de órfãos, e de Inês Vasconcelos Uchoa. Em 5 de abril de 1758, ele foi nomeado almotacé para atuar na freguesia da ribeira do Acaraú durante os meses de julho, agosto e setembro desse mesmo ano. 

No dia 26 de julho de 1758, foi eleito oficial da Câmara de Fortaleza para a mesma ribeira, assumindo o cargo de juiz ordinário da ribeira do Acaraú em 17 de agosto de 1758, com a responsabilidade de servir no ano seguinte. Como juiz de órfãos e vereador na Câmara, foi posteriormente nomeado capitão-mor das Entradas do Acaraú e capitão-mor das ordenanças. No entanto, ele enfrentou uma acusação de um rival, que o denunciou por ter ascendência de cristão-novo, alegando que sua família não tinha o valor que ele acreditava merecer. Essa acusação de "sangue impuro" reflete o racismo português no exterior. O caso de José de Xerez representa, de certa forma, a mentalidade no Ceará do século XVIII, influenciada pelos estatutos de limpeza de sangue que predominavam no mundo ibérico. Na verdade, na segunda metade do século XVIII, a "pureza de sangue" ainda era uma questão importante em Sobral, afetando aspectos da vida social, religiosa, econômica e militar. 

Contudo, isso não indica uma obsessão generalizada sobre o tema, que surgia em momentos mais específicos e pontuais. A questão da "limpeza de sangue" nas interações sociais em Caiçara, na capitania do Ceará Grande, expõe intrigas e disputas de interesses entre líderes locais em uma região remota. Assim, isso representa um aspecto de um fenômeno social e cultural gerado pela ideologia vigente do Santo Ofício, visto que, apesar de sua longínqua ascendência judaica (dez gerações) e cristã-nova (seis gerações), José de Xerez se comporta como um cristão genuíno. Isso se evidencia em sua vida pública com base na documentação disponível até o presente. Essa visão da vida portuguesa, observável nas instituições e na vida cotidiana das pessoas enquanto a distinção social criada pelo “mito do sangue puro” permanece, se estende além-mar, situa-se nas colônias e se propaga das áreas litorâneas para os interiores. (ALMEIDA, 2021, p. 169).

Além da participação nas câmaras e irmandades, era comum a obtenção de patentes. Normalmente, para conquistar essas patentes, os membros da elite redigiam cartas de solicitação e, através do Conselho Ultramarino, solicitavam essas honrarias. Eram cartas solicitando e confirmando os postos de capitães e coronéis. Como vimos no exemplo de José Xerez de Furna Uchôa, essas patentes podiam ser renovadas, ou os homens poderiam ser promovidos a outros cargos. Assim, uma elite robusta foi sendo formada, que exercia controle sobre a administração local e contava com o apoio da Coroa, simbolizado por essas concessões. OLIVEIRA, Adriana Santos de. Pecuária, agricultura, comércio: dinamização das relações econômicas no termo da vila de Sobral (1773-1799) – 2015, p. 115.

Segundo, no artigo “Senhores de terras e de gentes: os poderosos senhores das armas na capitania do Ceará (Século XVIII)”, José Eudes Arrais Barroso Gomes menciona que em uma Carta Patente datada de 2 de setembro de 1778, foi designado José de Xerez Furna Uchoa como Capitão-Mor de Ordenanças da Vila Distinta e Real de Sobral, pela Câmara, que o recomendou por seus laços com uma família de prestígio e possessões. Entretanto, dois anos depois, em 5 de outubro de 1780, a rainha D. Maria I recebeu em Lisboa uma representação de habitantes da Vila que faziam queixas sobre abusos e injustiças perpetradas por José de Xerez, que havia agido imprudentemente em suas funções, inclusive enfrentando o Escrivão da Câmara e o Tabelião, que se opuseram a ajudá-lo e a suas condutas. Os autores desse protesto solicitaram à rainha uma intervenção, ameaçando deixar o lugar, o que é uma forma de expressar o abandono da Vila, o que poderia resultar em um declínio na arrecadação de impostos que iam para a Coroa, revelando que os moradores da capitania cearense valorizavam os dízimos reais em nome de sua soberana. (Gomes, 2007: 296).

É provável que determinadas instituições de Sobral e sua área metropolitana tenham adotado valores e crenças disseminadas pela Coroa Portuguesa e pelo Tribunal do Santo Ofício Luso, que estiveram presentes até a metade do século XVIII em todo o Brasil colonial. É fundamental também investigar os aspectos obscuros da trajetória de Xerez, especialmente em Sobral. Como ele idealizou e administrou esses episódios e os reinterpretou dentro de uma realidade desfavorável aos cristãos-novos e judaicos, num ambiente de possível intolerância e penalização? É crucial analisarmos o comportamento negacionista e antissemita que Xerez frequentemente manifestou, provavelmente como uma estratégia de sobrevivência, ou por acreditar que sua ascendência judaica representava um grande fardo, um mal a ser eliminado à custa da negação de sua identidade e do apagar de sua pertença aos Cristãos-Novos.

Com uma vida que combina tradição e lenda, Branca Dias é vista como uma das ícones do Brasil Colonial e de Pernambuco. No século XVI, ela se destacou ao ser a primeira mulher portuguesa a fundar uma “esnoga” (sinagoga) em suas terras, a primeira “mestra laica de meninas” e uma das pioneiras como “senhora de engenho”. Denunciada por sua mãe e irmã, Branca foi aprisionada pela Inquisição nos Estaus de Lisboa. Ela chegou ao Brasil acompanhada de sete crianças, reunindo-se com seu marido, Diogo Fernandes, e residindo entre Camaragibe e Olinda, onde tiveram mais quatro filhos (ela também educou sua enteada, Briolanja Fernandes). Durante a primeira visita do Santo Ofício ao Brasil, no final do século XVI, os filhos e netos de Branca Dias foram presos sob a alegação de uma presumida reconversão ao judaísmo e enviados a Lisboa, onde sofreram penalidades em autos-de-fé.

Com base em registros, referências históricas e relatos orais sobre a colonização da antiga área de Riacho Guimarães, atualmente conhecida como Groaíras, por volta do século XVIII, surgem elementos interessantes devido às teorias e narrativas relacionadas a um dos primeiros colonos desse local, o cristão-novo Manoel Madeira de Matos, ancestral de algumas famílias que residem em Groaíras hoje. Ele uniu-se em matrimônio com uma filha de Antônio de Albuquerque Melo e Luzia Guimarães de Albuquerque Melo, que era neta do conhecido fundador de Groaíras, o Açoriano Alferes Lourenço Guimarães, também considerado cristão-novo. 

Além disso, dentro do acervo do Cartório de Ofícios e Notas e de Registros - Comarca de Groaíras/CE, existe um documento que certifica a doação realizada por Manoel Madeira de Matos e sua esposa Francisca de Albuquerque Melo de meia légua de terras em forma retangular, em um local denominado Lagoa de Santa Maria, nas margens do rio Acaraú, estendendo-se deste rio em direção à nascente, além da doação de sessenta vacas e sete animais de carga. O propósito dessa doação foi atender à exigência de criação do patrimônio da paróquia e a futura edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no ano de 1884.




Texto adaptado por Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Manoel Carrasco e Silva. Disponível em: >(https://www.geni.com/people/Manoel-Carrasco-e-Silva/6000000013764109057)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

ALMEIDA, Nilton Melo. Cristãos-novos, seus descendentes e Inquisição no Ceará. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2021.

OZ, Amós, & OZ-SALZBERGER, Fania. Os judeus e as palavras. Trad. George Schlesinger. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, Lisboa: Difel, 1989.

BOURDIEU, Pierre. O camponês e seu corpo. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, 26, p. 83-92, 2006.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.

BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas linguísticas: o que falar quer dizer. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

BOURDIEU, Pierre. O senso prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

GORENSTEIN, Lina. Ter origem judaica era sinônimo de culpa?. In: Revista de História da Biblioteca Nacional: Dossiê Inquisição. Ano 7, nº 73, outubro de 2011.

KAUFMAN, T. N. Passos Perdidos, História Recuperada. A presença judaica em Pernambuco. 4. Ed, Recife. Editora Bagaço, 2000.

OLIVEIRA, Adriana Santos de. Pecuária, agricultura, comércio: dinamização das relações econômicas no termo da vila de Sobral (1773-1799) – 2015. Publicado na dissertação de mestrado.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Zumbi dos Palmares e o Brasil que resiste: A história que precisamos reconhecer

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Durante o período de escravidão no Brasil, indivíduos negros procuravam lugares isolados para se esconder e viver em liberdade. Esses lugares foram denominados quilombos. A perspectiva da escravidão promovida pela narrativa “oficial” continua a influenciar a consciência coletiva, resultando em uma falta de reconhecimento apropriado da resistência e das lutas da população negra por parte da sociedade. Apenas com a promulgação da Constituição Federal em 1988, a temática quilombola começou a ser incluída nas orientações das políticas públicas do Governo Federal, em grande parte devido à articulação de grupos sociais. Entre as demandas das comunidades remanescentes dos quilombos, destaca-se a busca por títulos de propriedade da terra.

Impactados pela histórica concentração de terras no Brasil, os quilombolas batalham por sua autonomia. Para esse grupo, a terra significa muito mais do que um local de cultivo. Ela representa identidade, cultura, bens materiais e imateriais, além de conexões sociais. Dessa forma, a concepção de terra está fortemente ligada ao quilombo.


Zumbi dos Palmares

(Edilásio Cavalcanti)

Zumbi dos Palmares nasceu no Quilombo do Palmares, provavelmente em torno de 1655. Ele era neto da princesa negra Aqualtune e sobrinho de Ganga Zumba e Gana Zona, líderes das mais importantes comunidades do quilombo, que era composto por várias aldeias.

Seu nome, Zumbi, foi escolhido para invocar o deus da guerra. De acordo com a lenda, Zumbi foi educado por um padre que lhe proporcionou certa formação, mas, ainda na juventude, retornou ao convívio de seu povo.

Durante o período colonial do Brasil, desde o ano de 1600, diversos escravos que escapavam das plantações de açúcar já se abrigavam na serra da Barriga, hoje parte do Estado de Alagoas. Entre 1602 e 1608, duas expedições lideradas por Bartolomeu Bezerra chegaram até a serra sem sucesso em encontrar os fugitivos.

Em 1630, o quilombo já havia se estabelecido. Naquela época, Pernambuco estava sob controle holandês, e o conflito fazia com que mais escravos buscassem abrigo em Palmares, já reconhecido por esse nome.

Entre 1644 e 1645, foram realizadas expedições holandesas com a intenção de acabar com o quilombo, mas não obtiveram sucesso. Em 1654, os holandeses foram banidos do Nordeste, e a crise econômica reduziu a demanda por trabalho escravo. Nessa época, Palmares se estendia como uma larga faixa no setor norte do baixo rio São Francisco, atualmente no Estado de Alagoas.

Zumbi dos Palmares cresceu livre no quilombo. Ele só conhecia a escravidão através das histórias aterrorizantes contadas pelos mais velhos, que falavam das mortes nos porões dos navios e da opressão nas casas de escravos. Ele se casou com a guerreira Dandara, com quem teve 03 filhos.

De um simples abrigo para escravos fugitivos, Palmares evoluiu para um núcleo de resistência contra o sistema escravista. Apesar do comércio próspero entre Palmares e os colonos locais, a tranquilidade era passageira. Os proprietários de terras não poderiam permitir que os quilombos incitassem a fuga de escravos.

Entre os anos de 1671 e 1674, foram organizadas duas expedições contra o quilombo, mas elas tiveram pouca eficácia. Em 1675, com a invasão liderada por Manuel Lopes, foi revelada a ampla região de Palmares, onde existiam mais de duas mil construções protegidas por estacas. Nas batalhas que se seguiram, Zumbi foi atingido por projéteis duas vezes, mas persistiu em sua luta. Sua fama e coragem começaram a se transformar em um mito.

Em 1677, Fernão Carrilho, que foi enviado pelo governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, atacou a povoação de Aqualtune. Ganga Zumba e a maior parte de seu povo conseguiram escapar. Depois de uma sequência de triunfos, Carrilho fundou um assentamento na área central de Palmares.

Em 1678, Ganga Zumba enviou para Recife três de seus filhos juntamente com mais doze homens negros com um mensageiro do governador, buscando estabelecer um acordo de paz. Palmares alcançou o reconhecimento como vila, e Ganga Zumba se tornou o mestre-de-campo. Zumbi não aceita o tratado de paz criado por Ganga Zumba; para ele, a luta vai além da liberdade pessoal, incluindo a libertação dos que ainda estão escravizados. Recebeu a ajuda de diversas comunidades. Ganga Zumba perde influência, é envenenado, e Zumbi se torna o novo líder militar, enfrentando várias batalhas sangrentas.

Em 1691, o bandeirante Domingos Jorge Velho, liderando mais de mil homens, ataca o mocambo do Macaco, onde Zumbi liderava a resistência. Após vários confrontos, Zumbi foge para Porto Calvo. Em 1694, um novo ataque arrasa o quilombo. Sob o comando de Zumbi e fortificados na serra da Barriga, os quilombolas lutam até a morte.

Zumbi dos Palmares é preso em 20 de novembro de 1695, após ser traído por um prisioneiro que trocou sua liberdade pela dele; ele é decapitado e sua cabeça levada para Recife, onde, a mando do governador, é exposta publicamente.

Em tributo a Zumbi, o Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro.

  


Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Quilombolas no Brasil. Disponível em: >(https://cpisp.org.br/direitosquilombolas/observatorio-terras-quilombolas/quilombolas-brasil/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Quilombo. Disponível em: >(https://genealogiapratica.com.br/2022/08/22/quilombo/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.

Zumbi dos Palmares Francisco. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/about/GQLV-5V4)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Livro de Mórmon: Outro testamento de Jesus Cristo

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Desde a sua primeira edição em inglês, que ocorreu em 1830, o Livro de Mórmon foi traduzido completamente para 82 idiomas, totalizando mais de 150 milhões de cópias impressas. É visto como "o fundamento" da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. A congregação sempre o considera como escritura desde o começo.

Isso não significa que o Livro de Mórmon toma o lugar da Bíblia em relação às escrituras para os membros da Igreja. Ambos os textos, a Bíblia e o Livro de Mórmon, são lidos e estudados juntos.

Os fiéis da Igreja SUD também veem o Livro de Mórmon como um relato de civilizações antigas que habitaram as Américas.

Conforme é contado, uma dessas civilizações teve origem em um homem chamado Leí, que deixou Jerusalém com sua família cerca de 600 A.C. Eles foram até a costa, construíram um barco e viajaram até o continente americano.

Após comemorar a chegada ao Novo Mundo, disputas familiares levaram a divisões entre clãs e, eventualmente, à formação de duas nações em conflito. Esse relato de mil anos documenta as guerras que ocorreram, resultando na destruição de uma dessas nações.

Dentro dessa narrativa, há várias profecias e testemunhos sobre Jesus Cristo como o Salvador do mundo, incluindo a famosa visita de Jesus ressuscitado às pessoas do Novo Mundo.

O Livro de Mórmon relata que durante o tempo de Cristo entre o antigo povo da América, Ele fundou Sua igreja, assim como fez no Velho Mundo.

De acordo com a narrativa, a população viveu em harmonia e prosperidade por aproximadamente 200 anos depois da visita de Cristo.

Com o passar do tempo, muitos começaram a se afastar dos ensinamentos de Cristo. A maldade se espalhou entre eles e, como consequência, uma guerra levou à destruição de uma nação inteira.

O Livro de Mórmon diz que esses eventos foram cuidadosamente registrados em placas de metal. A tarefa de preservar e adicionar a esse registro começou com a primeira pessoa que saiu de Jerusalém e foi passada de geração para geração.

Um dos últimos a registrar foi um profeta americano chamado Mórmon, que resumiu séculos de histórias em um formato mais conciso em placas de ouro.

Esse registro resumido foi passado de Mórmon para seu filho Morôni, o último sobrevivente conhecido de sua nação, que, ao se aproximar do fim de seus dias, escondeu as placas em uma colina onde, séculos depois, ficaria o Estado de Nova York.

Os seguidores da religião mórmon acreditam que o local atualmente identificado como Monte Cumora, perto de Palmyra, Nova York, foi onde Morôni apareceu em 1823 na forma de um anjo para orientar Joseph Smith até as placas sagradas. Depois disso, Joseph Smith estabeleceu A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

As primeiras menções sobre a trajetória da Igreja mostram que, em determinado momento, Morôni confiou temporariamente as placas de ouro a Joseph Smith, permitindo que três homens as vissem e que oito homens as tocassem. Essas testemunhas relataram suas experiências logo após a primeira impressão do Livro de Mórmon.

Joseph levou aproximadamente três meses para realizar a tradução das placas, e após esse tempo, as mesmas foram devolvidas a Morôni, o anjo. A versão inicial do Livro de Mórmon em inglês foi publicada em Nova York no ano de 1830.

Em 1851, o Livro de Mórmon foi traduzido para o dinamarquês, tornando-se a primeira versão em uma língua diferente do inglês. No ano 2000, a Igreja comemorou um importante marco ao atingir a marca de 100 traduções do Livro de Mórmon, incluindo a versão em inglês. O texto completo está acessível em 81 idiomas, além de trechos em mais 25 idiomas.

Para explicar melhor e enfatizar o propósito do Livro de Mórmon, um subtítulo foi introduzido em 1982. O título completo é: O Livro de Mórmon Outro Testamento de Jesus Cristo.

Além de traduzir o Livro de Mórmon, Joseph Smith também registrou outras revelações que recebeu de Deus. Muitas dessas revelações estão contidas em outras duas obras conhecidas como Doutrina e Convênios e A Pérola de Grande Valor.



Texto de Eugênio Pacelly Alves

 


Referências bibliográficas:

Livro de Mórmon. Disponível em: >(Livro de Mórmon (vindeacristo.org))<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.

O livro de Mórmon: Outro testamento de Jesus Cristo. Disponível em: >(https://noticias-br.aigrejadejesuscristo.org/artigo/o-livro-de-m%C3%B3rmon--outro-testamento-de-jesus-cristo)<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Jacob Nunes Gois: Um herói esquecido da Inquisição

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Jacob Nunes Góis é uma figura que, embora não seja tão conhecido, deve ser lembrado como um verdadeiro herói nas histórias judaicas e portuguesas. Durante o momento mais acentuado da Inquisição em Portugal, quando a caçada religiosa colocava em risco a vida e a liberdade de muitos judeus, Jacob Nunes Góis se evidenciou como um salvador com uma coragem discreta. Com seus recursos financeiros, influência e uma rede de conexões estratégicas, ele custeou embarcações que possibilitaram a evasão de várias famílias judias das gafas da Inquisição, permitindo-lhes buscar abrigo em outras nações. Este artigo investiga a jornada de Jacob Nunes Góis, suas ações heroicas e a retumbância duradoura de suas decisões em um dos períodos mais desalumiados da história ibérica.

Jacob Nunes Góis nasceu aproximadamente em 1408 em Coimbra, Portugal, vindo de uma família judia que se estabeleceu em Portugal após deixar Castela, na Península Ibérica. 

Jacob em Lisboa se estabeleceu como uma efígie proeminente na comunidade comercial, tornando-se um dos mercadores mais influentes na cidade. Ele comandava uma porção significativa do comércio de açúcar das ilhas da Madeira e financiava expedições para a África, Índia e Brasil.

Sua posição superposta permitiu que ele formasse parcerias estratégicas com outras personalidades influentes do comércio, como o banqueiro florentino Bartolomeu Marchionni. Juntos, monitoraram setores essenciais do comércio português, acumulando considerável fortuna e poder. No entanto, mesmo com o sucesso, Jacob Nunes Góis estava consciente do crescente perigo que a Inquisição equivalia tanto para ele quanto para sua comunidade.

Bartolomeu Marchionni foi um comerciante e banqueiro florentino que se mudou para Lisboa por volta de 1468, inicialmente atuando como representante da famosa família de banqueiros italianos conhecida como Cambini. Tal como Jacob Nunes Góis, ele possuía uma excelente sensatez para negócios e um extenso domínio das complexidades do comércio global. A aliança entre Marchionni e Jacob foi uma união estratégica que aproveitou as habilidades distintas de cada um, criando uma forte presença comercial em Portugal.

Enquanto Jacob contribuía com seu conhecimento sobre as dinâmicas locais e seu relacionamento com a corte portuguesa, Marchionni proporcionava uma ampla rede internacional e um entendimento financeiro notável. Juntos, eles dominaram o comércio de açúcar, especiarias e outros produtos de grande valor, financiando expedições que ampliavam as possibilidades comerciais de Portugal. Contudo, o real impacto da colaboração deles foi sentido não apenas nos mercados, mas também nas vidas de muitos judeus que puderam receber ajuda.

Embora Marchionni tivesse uma origem cristã, ele compreendia a seriedade da situação enfrentada pelos judeus durante a Inquisição. Com Jacob, ele planejou usar sua rede de navios mercantes para retirar famílias judias de Portugal de maneira segura. As embarcações, que antes transportavam açúcar e outros produtos, passaram a levar algo ainda mais valioso: vidas humanas em perigo devido à intolerância religiosa.

A parceria entre Jacob e Marchionni foi fundamental para que essas operações de resgate fossem bem-sucedidas. Marchionni empregou suas conexões e recursos para garantir que os barcos partissessem sem levantar suspeitas, enquanto Jacob coordenava as fugas, assegurando que as famílias judias chegassem a novos lares em países mais receptivos. A confiança e o respeito mútuo entre eles permitiram que essa missão de salvamento fosse realizada de maneira eficiente e discreta.

A descoberta do Brasil em mil quinhentos é um marco importante na história global, sinalizando o início de uma nova era de exploração e colonização. O que muitas vezes não recebe a atenção merecida é o papel crucial de Jacob Nunes Góis, juntamente com outros comerciantes e nobres importantes, nesse processo. Seus recursos e influência foram fundamentais não apenas para o êxito das expedições portuguesas rumo à Índia e ao Novo Mundo, mas também para o transporte de diversas famílias judias que viam no Brasil uma nova esperança e um refúgio diante da perseguição religiosa na Europa. Jacob Nunes Góis, juntamente com Bartolomeu Marchionni, D. Álvaro de Portugal e Sernigi Girolamo, estabeleceu uma aliança privada que desempenhou um papel crucial na segunda expedição enviada à Índia, a qual acabou por descobrir o Brasil sob a direção de Pedro Álvares Cabral. Em 1501, logo após esse evento, Góis voltou a se empenhar em financiar uma expedição significativa: a terceira frota portuguesa que navegava rumo à Índia, sob o comando de João da Nova. Este gesto visava não apenas a ampliação dos interesses comerciais de Portugal, mas também proporcionava a Jacob Nunes Góis a chance de apoiar sua comunidade em um período delicado.

Durante essas viagens marítimas, Jacob Nunes Góis identificou uma oportunidade de incluir em seus navios diversas famílias judias que, assim como ele, estavam enfrentando o crescente risco da Inquisição em Portugal. Ele percebia que o Brasil, ainda em seus estágios iniciais de exploração e colonização, representava um novo refúgio onde essas famílias poderiam viver com maior liberdade, longe da repressão religiosa que se intensificava na Europa.

Os barcos que deixaram Lisboa em março de 1501, pertencentes à terceira frota, não estavam apenas cheios de mercadorias e com a expectativa de recursos para a coroa portuguesa. Eles transportavam, ocultas entre os bens e resguardadas por um manto de segredo e lealdade, famílias em fuga que buscavam preservar suas vidas e sua fé. Jacob Nunes Góis aproveitou sua função crucial como financiador e organizador dessas viagens para assegurar que esses judeus tivessem a oportunidade de recomeçar, longe do medo que dominava Portugal.

Ao chegarem ao Brasil, essas famílias hebraicas encontraram um território extenso e repleto de oportunidades, mas também enfrentaram adversidades. Contudo, com o suporte constante de Jacob Nunes Góis, que mantinha contato e enviava assistência sempre que possível, essas famílias conseguiram se estabelecer e contribuir para a formação das primeiras comunidades na nova colônia.

A participação de Jacob Nunes Góis na exploração e colonização do Brasil demonstra sua capacidade de transformar uma situação arriscada em uma oportunidade de salvação para muitos. Ele foi um dos primeiros a reconhecer a importância do Novo Mundo, não somente como um novo mercado para os comerciantes portugueses, mas igualmente como um abrigo para aqueles que precisavam urgentemente recomeçar suas vidas.

Dessa forma, o Brasil tornou-se um dos locais mais significativos para os judeus que escapavam da Inquisição, e a influência de Jacob Nunes Góis nesse contexto é inquestionável. Ele não apenas contribuiu para moldar o desenvolvimento da história colonial de Portugal, mas também garantiu que muitas vidas fossem preservadas e que a cultura e a fé judaicas pudessem prosperar em novas terras.

Em face da expansão marítima portuguesa e da crescente ameaça da Inquisição, o Brasil, que foi descoberto em 1500, surgiu como um lugar promissor para várias famílias judias. Jacob Nunes Góis, ciente dos perigos que sua comunidade enfrentava em Portugal, enxergou no Novo Mundo uma oportunidade singular, não apenas para o comércio, mas, mais importante, para a sobrevivência do seu povo.

Como um dos principais investidores das expedições portuguesas, Jacob teve a perspicácia de utilizar os barcos que partiam para o Brasil como meios de transporte para judeus que queriam escapar da perseguição religiosa. Reconhecendo que o Brasil, ainda em suas fases iniciais de exploração, oferecia vastas áreas longe do domínio da Inquisição, ele organizou discretamente a remessa de muitos judeus para a nova colônia.

Durante as expedições apoiadas por Jacob, especialmente na terceira frota portuguesa que partiu para a Índia em 1501, ele garantiu que os navios transportassem não apenas produtos, mas também passageiros não oficiais — famílias judaicas que abandonaram tudo em busca de um reinício seguro. Jacob empregou sua influência para assegurar que essas famílias tivessem proteção durante a jornada e assistência ao chegarem ao Brasil.

A escolha de Jacob Nunes Góis de levar judeus para o Brasil não foi apenas uma operação logística; foi um resgate de grande magnitude. Ele reconhecia que ao trasladar essas famílias, estava não apenas protegendo suas vidas, mas também criando as condições para futuras comunidades judaicas na nova colônia.

Ao chegar ao Brasil, essas famílias puderam recomeçar em um ambiente relativamente seguro, longe das perseguições que enfrentavam na Europa. Apesar dos desafios de se adaptar a um novo local e estabelecer novas comunidades, a opção de continuar em Portugal sob o aumento da opressão da Inquisição era insuportável. Jacob Nunes Góis manteve conexões com muitas dessas famílias, oferecendo assistência e recursos sempre que possível, assegurando que encontrassem uma base de estabilidade e sucesso.

A forma como Jacob auxiliou judeus ao levá-los ao Brasil demonstra seu compromisso com a sua comunidade e sua disposição para agir corajosamente em tempos desafiadores. Graças a suas ações, o Brasil tornou-se um refúgio para aqueles que fugiam da opressão, e as comunidades judaicas que ele ajudou a formar tiveram um papel importante na história da colônia.

O rei D. Manuel I, pressionado por alianças políticas e pela necessidade de consolidar o reino sob a fé cristã, ordenou a conversão forçada dos judeus. Para Jacob e sua família, assim como para milhares de outros judeus, essa decisão representava uma escolha cruel: converter-se ou enfrentar a morte. Jacob, assim como muitos outros, aceitou a conversão formal para proteger sua família, mas continuou a praticar sua fé judaica em sigilo.

Com a implementação da Inquisição em Portugal em 1536, a situação tornou-se ainda mais grave. Os cristãos-novos, nome dado aos judeus convertidos, viviam sob constante supervisão. Qualquer indício de que ainda praticavam o judaísmo secretamente poderia resultar em prisão, tortura ou até morte. Jacob sabia que, para sobreviver, precisaria utilizar não apenas suas habilidades comerciais, mas também sua riqueza e influência para ajudar sua comunidade a escapar dessa nova era de terror.

É neste cenário que Jacob Nunes Góis formulou um plano audacioso e arriscado: utilizar sua riqueza para auxiliar barcos a levar judeus que estavam escapando para lugares seguros, longe da Inquisição. Ele criou uma rede clandestina de fuga, onde embarcações que normalmente transportavam mercadorias passaram a levar famílias inteiras em busca de liberdade. Esses navios, que operavam sob a fachada de atividades comerciais, dirigiam-se a nações como a Holanda, o Império Otomano, a França e até o Brasil, onde os judeus poderiam viver com maior segurança.

Cada missão era meticulosamente elaborada. As famílias eram ocultadas entre os itens ou em compartimentos secretos, e apenas os marinheiros mais leais sabiam da verdadeira natureza da carga que carregavam. Jacob utilizava sua ampla rede de relacionamentos para assegurar que esses trajetos ocorressem sem levantar desconfiança. Ele não apenas cobria os custos das viagens, mas também oferecia os meios necessários para que as famílias iniciassem novas vidas em outros países.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Jacob Nunes Gois: o herói que salvou milhares de judeus durante a Inquisição. Disponível em: >(https://acervojudaico.com.br/jacob-nunes-gois-o-heroi-que-salvou-milhares-de-judeus-durante-a-inquisicao-portuguesa/)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

Jacob Nunes Gois: o herói esquecido da Inquisição. Disponível em: >(https://app.mktpress.com.br/news/jacob-nunes-gois-o-heroi-esquecido-da-inquisicao)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

Jacob Nunes Gois. Disponível em: >(Jacob Nunes Gois (FamilySearch))<. Acesso em 01 de novembro de 2024.

Família Gois: os judeus da corte portuguesa. Disponível em: >(https://folhamidia.com.br/familia-gois-os-judeus-da-corte-portuguesa/)<. Acesso em 04 de novembro de 2024.