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Durante o período de escravidão no Brasil, indivíduos negros procuravam lugares isolados para se esconder e viver em liberdade. Esses lugares foram denominados quilombos. A perspectiva da escravidão promovida pela narrativa “oficial” continua a influenciar a consciência coletiva, resultando em uma falta de reconhecimento apropriado da resistência e das lutas da população negra por parte da sociedade. Apenas com a promulgação da Constituição Federal em 1988, a temática quilombola começou a ser incluída nas orientações das políticas públicas do Governo Federal, em grande parte devido à articulação de grupos sociais. Entre as demandas das comunidades remanescentes dos quilombos, destaca-se a busca por títulos de propriedade da terra.
Impactados
pela histórica concentração de terras no Brasil, os quilombolas batalham por
sua autonomia. Para esse grupo, a terra significa muito mais do que um local de
cultivo. Ela representa identidade, cultura, bens materiais e imateriais, além
de conexões sociais. Dessa forma, a concepção de terra está fortemente ligada
ao quilombo.
Zumbi dos Palmares
(Edilásio Cavalcanti)
Zumbi dos Palmares nasceu no Quilombo do Palmares, provavelmente em
torno de 1655. Ele era neto da princesa negra Aqualtune e sobrinho de Ganga
Zumba e Gana Zona, líderes das mais importantes comunidades do quilombo, que era
composto por várias aldeias.
Seu nome, Zumbi,
foi escolhido para invocar o deus da guerra. De acordo com a lenda, Zumbi foi
educado por um padre que lhe proporcionou certa formação, mas, ainda na
juventude, retornou ao convívio de seu povo.
Durante o período
colonial do Brasil, desde o ano de 1600, diversos escravos que escapavam das
plantações de açúcar já se abrigavam na serra da Barriga, hoje parte do Estado
de Alagoas. Entre 1602 e 1608, duas expedições lideradas por Bartolomeu Bezerra
chegaram até a serra sem sucesso em encontrar os fugitivos.
Em 1630, o
quilombo já havia se estabelecido. Naquela época, Pernambuco estava sob
controle holandês, e o conflito fazia com que mais escravos buscassem abrigo em
Palmares, já reconhecido por esse nome.
Entre 1644 e 1645,
foram realizadas expedições holandesas com a intenção de acabar com o quilombo,
mas não obtiveram sucesso. Em 1654, os holandeses foram banidos do Nordeste, e
a crise econômica reduziu a demanda por trabalho escravo. Nessa época, Palmares
se estendia como uma larga faixa no setor norte do baixo rio São Francisco,
atualmente no Estado de Alagoas.
Zumbi dos Palmares
cresceu livre no quilombo. Ele só conhecia a escravidão através das histórias
aterrorizantes contadas pelos mais velhos, que falavam das mortes nos porões
dos navios e da opressão nas casas de escravos. Ele se casou com a guerreira
Dandara, com quem teve 03 filhos.
De um simples
abrigo para escravos fugitivos, Palmares evoluiu para um núcleo de resistência
contra o sistema escravista. Apesar do comércio próspero entre Palmares e os
colonos locais, a tranquilidade era passageira. Os proprietários de terras não
poderiam permitir que os quilombos incitassem a fuga de escravos.
Entre os anos de
1671 e 1674, foram organizadas duas expedições contra o quilombo, mas elas
tiveram pouca eficácia. Em 1675, com a invasão liderada por Manuel Lopes, foi
revelada a ampla região de Palmares, onde existiam mais de duas mil construções
protegidas por estacas. Nas batalhas que se seguiram, Zumbi foi atingido por
projéteis duas vezes, mas persistiu em sua luta. Sua fama e coragem começaram a
se transformar em um mito.
Em 1677, Fernão Carrilho, que foi enviado pelo governador de Pernambuco,
Pedro de Almeida, atacou a povoação de Aqualtune. Ganga Zumba e a maior parte
de seu povo conseguiram escapar. Depois de uma sequência de triunfos, Carrilho
fundou um assentamento na área central de Palmares.
Em 1678, Ganga Zumba enviou para Recife três de seus filhos juntamente
com mais doze homens negros com um mensageiro do governador, buscando
estabelecer um acordo de paz. Palmares alcançou o reconhecimento como vila, e
Ganga Zumba se tornou o mestre-de-campo. Zumbi não aceita o tratado de paz
criado por Ganga Zumba; para ele, a luta vai além da liberdade pessoal,
incluindo a libertação dos que ainda estão escravizados. Recebeu a ajuda de
diversas comunidades. Ganga Zumba perde influência, é envenenado, e Zumbi se
torna o novo líder militar, enfrentando várias batalhas sangrentas.
Em 1691, o
bandeirante Domingos Jorge Velho, liderando mais de mil homens, ataca o mocambo
do Macaco, onde Zumbi liderava a resistência. Após vários confrontos, Zumbi
foge para Porto Calvo. Em 1694, um novo ataque arrasa o quilombo. Sob o comando
de Zumbi e fortificados na serra da Barriga, os quilombolas lutam até a morte.
Zumbi dos Palmares
é preso em 20 de novembro de 1695, após ser traído por um prisioneiro que
trocou sua liberdade pela dele; ele é decapitado e sua cabeça levada para
Recife, onde, a mando do governador, é exposta publicamente.
Em tributo a Zumbi, o Dia da Consciência Negra é
celebrado em 20 de novembro.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
Quilombolas no Brasil. Disponível em: >(https://cpisp.org.br/direitosquilombolas/observatorio-terras-quilombolas/quilombolas-brasil/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.
Quilombo. Disponível em: >(https://genealogiapratica.com.br/2022/08/22/quilombo/)<. Acesso em 28 de outubro de 2024.
Zumbi dos Palmares Francisco. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/about/GQLV-5V4)<. Acesso em 01 de novembro de 2024.
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