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Ao explorar as origens da
genealogia humana, vemos em Abraão o início de duas das mais importantes
linhagens espirituais e culturais do planeta: a judaica e a árabe. A narrativa
sobre seus descendentes, Ismael e Isaque — contada em Gênesis e também
reconhecida no Alcorão — não apenas revela a origem de duas nações, mas também
a interligação de destinos que moldaram a civilização. Ismael, que foi filho de
Abraão com Agar, é visto como o ancestral dos árabes, enquanto Isaque, que foi
filho da promessa com Sara, é considerado o patriarca dos judeus. Investigar
essa conexão genealógica nos leva a revisitar a própria formação do Oriente Médio
e entender como esses laços antigos reverberam até os dias atuais, incluindo
famílias que, ao examinarem sua árvore genealógica, descobrem possíveis raízes
semitas — sejam árabes ou judaicas. Neste blog, convidamos você a embarcar
nesta cativante jornada de fé, história e identidade, buscando compreender como
o legado de Abraão e seus filhos continua vivo em muitos de nós.
De acordo com
Gênesis 16, Ismael é o filho de Abraão com a serva Agar. Após o nascimento de
Isaque, que é filho de Abraão com Sara, surgiu um forte ciúme por parte de Sara
em relação à serva. Por conta disso, Abraão foi obrigado a expulsar Agar e seu
filho Ismael (Gênesis 21), que passaram a viver no deserto de Parã.
O Corão, texto sagrado
para os muçulmanos, enfatiza a importância desse filho de Abraão. Conforme a
tradição islâmica, Ismael teria vindo ao mundo na região de Meca, onde passou
sua juventude. Ele teria se casado com a filha do líder da tribo local, os
Jurhum, que foram os primeiros príncipes de Meca.
Diante dessa
tradição, pode-se afirmar que Ismael é considerado o ancestral do povo árabe.
Assim, onde quer que existam árabes, há descendentes de Ismael, como no Irã,
Iraque, Arábia Saudita, Síria, Jordânia, Líbano... e até mesmo no Brasil! Na
Bíblia, os ismaelitas eram as pessoas que descendiam de Ismael, filho de Abraão
com Agar, a egípcia. Os ismaelitas têm um papel importante na narrativa em que
José, filho de Jacó, foi vendido por seus irmãos. Ele foi adquirido por uma
caravana ismaelita por vinte moedas de prata e posteriormente foi vendido como
escravo no Egito (Gênesis 37; 39).
O nome “ismaelitas”
é mencionado várias vezes no Antigo Testamento, sempre se referindo ao povo que
ocupava uma área que ia do Egito até o Eufrates (Gênesis 28:36; Salmos 83:6).
Por essa razão, em algumas ocasiões, o termo “ismaelitas” é usado de forma
intercambiável com midianitas ou medianitas (cf. Juízes 8:24). Esses grupos
eram descendentes de Abraão por meio dos filhos de suas concubinas e se
misturaram através de casamentos. Assim, os ismaelitas possuíam herança tanto
semita quanto egípcia. Descubra mais sobre a vida de Abraão.
Os ismaelitas
viviam em acampamentos nômades e percorriam extensas áreas desérticas. Eles se
organizavam em doze tribos: Nebaiote, Quedar, Dumá, Abdeel, Massá, Tema, Jetur,
Nafis, Quedemá, Mibsão, Misma e Hadade.
A maioria dessas
tribos é citada em textos fora da Bíblia, especialmente em documentos assírios.
Por exemplo, acredita-se que os nabateus, que formaram uma civilização próspera
durante o período greco-romano, eram descendentes de Nebaiote. Devido à grande
diversidade de povos no Oriente Antigo, é bastante difícil traçar com precisão
a origem dos ismaelitas. Atualmente, muitos árabes muçulmanos afirmam ser descendentes
de Ismael e, por isso, se consideram ismaelitas.
Ismael
era o primeiro filho de Abraão com Agar. Sua mãe era a serva egípcia de Sara, a
consorte de seu pai, Abraão. Deus havia feito a promessa a Abraão de que ele
teria uma grande quantidade de filhos, mesmo considerando sua idade avançada
(Gênesis 12:7; 15:5).
Sara não
podia ter filhos e, conforme os costumes da época, ofereceu Agar a Abraão para
que eles pudessem ter um herdeiro. Assim, Ismael veio ao mundo. Naquela época,
Abraão já contava com 86 anos. Explore a narrativa de Abraão na Bíblia. Abraão
tinha carinho por Ismael, chegando a pedir a Deus que o considerasse como seu
herdeiro prometido. Contudo, quando o menino completou 13 anos, Deus reafirmou
sua promessa a Abraão, que nesse momento já tinha 99 anos. Novamente, Ele
garantiu que daria a Abraão um filho com sua própria esposa (Gênesis 17). Deus
também instruiu que todos os homens da casa fossem circuncidados como símbolo
de sua aliança.
Ismael
tinha 13 anos quando foi circuncidado, e diversas tribos árabes costumam
realizar esse procedimento nessa mesma idade. Um ano depois, Isaque nasceu.
O
nascimento do filho legítimo de Sara e Abraão gerou conflitos entre Sara e
Agar. Na verdade, antes mesmo do nascimento de Ismael, Sara e Agar já tinham se
desentendido. Agar chegou a escapar para o deserto devido ao medo que sentia de
Sara. No deserto, o anjo do Senhor apareceu a ela e mandou que voltasse para a
casa de Abraão. Foi nesse mesmo local que o anjo disse que o filho que ela
esperava deveria ser nomeado Ismael. Por isso, Ismael quer dizer "Deus
ouve", pois o Senhor prestou atenção ao sofrimento de Agar (Gênesis
16:11).
Entretanto,
o conflito entre Sara e Agar atingiu seu ápice quando Isaque foi desmamado.
Durante a festa de desmame de Isaque, Ismael zombou dele. Sara ficou muito
incomodada e pediu a Abraão que expulsasse Agar e seu filho (Gênesis 21:9,10).
Essa demanda de Sara contrariava as normas da época, causando grande tristeza a
Abraão. Mas Deus novamente falou com ele e assegurou que ele não precisaria se
preocupar com Isaque. O Senhor cuidaria do filho da serva e também lhe
proporcionaria uma grande descendência. Depois de ser encorajado pelo Senhor,
Abraão enviou Agar e seu filho embora. Eles levaram pão e água, mas em um certo
momento a água se esgotou e pensaram que iriam morrer. No entanto, Deus os
ajudou, reforçando sua promessa de que Ismael se tornaria um homem próspero
(Gênesis 21:19).
Ismael e
sua mãe foram para o deserto de Berseba e depois para o deserto de Parã. Apesar
de Isaque ser o único herdeiro de Abraão, Ismael e os outros filhos que Abraão
teve com suas concubinas também foram agraciados pelo patriarca (Gênesis 25:6).
Isso indica que tanto o filho de Agar quanto os filhos de Quetura receberam
riquezas de Abraão.
Após se
tornarem adultos, a Bíblia não reporta qualquer conflito entre Ismael e Isaque.
Ambos aparecem como os encarregados de realizar o sepultamento de Abraão em
Macpela (Gênesis 25:9). Ismael tornou-se um caçador notável. Ele tinha muita
habilidade no uso do arco e flechas. Agar arranjou uma esposa egípcia para
Ismael, com quem ele teve doze filhos e uma filha. Mais tarde, a filha de
Ismael acabou se unindo em casamento a Esaú, o filho de Isaque (Gênesis 28:9;
36:3).
Os nomes
dos filhos de Ismael estão listados em Gênesis 25:13-15. A lista é a seguinte:
Nabaiote, Quedar, Abdeel, Mibsão, Misma, Dumá, Massá, Hadade, Tema, Jetur,
Nafis e Quedemá. A maioria desses nomes é mencionada em outros textos bíblicos
como famílias tribais de certa proeminência na época.
Os
descendentes de Ismael geralmente são referidos como “ismaelitas” na Bíblia.
Eles se organizavam em doze tribos que habitavam em acampamentos itinerantes no
deserto do sul (Gênesis 25:16-18).
Ismael
faleceu aos 137 anos (Gênesis 25:17). A Bíblia não especifica seu local de
sepultamento, mas a tradição muçulmana afirma que ele foi enterrado na Caaba,
em Meca. No Novo Testamento, Ismael é citado notavelmente pelo apóstolo Paulo.
O apóstolo utilizou a figura do filho da escrava em sua alegoria sobre a
oposição dos religiosos legalistas que perseguem os que nascem segundo o
Espírito e gozam da liberdade em Cristo (Gálatas 4:21-5:1).
Ismael se
tornou um nome relativamente comum. Assim, outras pessoas são mencionadas na
Bíblia com o nome de Ismael. Havia, por exemplo, um descendente de Saul e
Jônatas que se chamava Ismael (1 Crônicas 8:38). Existia também um alto oficial
durante o reinado de Josafá (2 Crônicas 19:11), além do filho de um sacerdote
na época de Esdras (Esdras 10:22).
Entretanto,
dentre todos os mencionados, o mais conhecido foi o filho de Netanias,
integrante da casa real de Davi. Durante o período da opressão babilônica
contra os judeus, esse Ismael assassinou Gedalias, o governador de Judá nomeado
por Nabucodonosor (2 Reis 25:25; Jeremias 40:7-41:18).
Qual é a
distinção entre judeus e árabes? Os judeus têm suas raízes em Isaque, que foi o
filho da promessa de Deus a Abraão. Eles são pessoas que acreditam em um só
Deus, conhecido como Javé ou Jeová. Além disso, são considerados o povo
escolhido por Deus, de onde surgiu o Salvador Jesus Cristo.
Por outro
lado, os árabes descendem de Ismael, que também era filho de Abraão. Ismael,
sendo filho de uma mulher escrava, e Isaque, sendo o herdeiro da promessa feita
a Abraão, naturalmente geraram rivalidade entre os dois. Em razão das
provocações de Ismael a Isaque, Sara solicitou que Abraão enviasse Agar e
Ismael embora. Isso gerou ainda mais animosidade no coração de Ismael em
relação a Isaque. Ismael não foi esquecido nas narrativas sagradas, nem ficou
sem bênçãos apenas por não fazer parte da linhagem israelita. Deus tinha um
propósito e um futuro determinado para ele. O Messias, da linhagem de Isaque,
também seria o Redentor dos outros descendentes de Abraão e de todas as nações
da terra. Contudo, os descendentes de Ismael tornaram-se adversários acérrimos
de Israel, que é descendente de Isaque, conforme descrito no Salmo 83.1-18. E
essa tensão persiste até os dias atuais.
Texto adaptado por Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
Israel x Árabes. Disponível em: >(Israel x Árabes (O Tempo))<. Acesso em 06 de janeiro de 2024.
Qual o país que os Ismaelitas habitam? Disponível em: >(Qual o país que os Ismaelitas (filhos de Ismael) habitam? (aBíblia.org))<. Acesso em 06 de janeiro de 2024.
Quem eram os ismaelitas? Disponível em: >(https://estiloadoracao.com/quem-eram-os-ismaelitas/)<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.
Quem foi Ismael na bíblia? Disponível em: >(https://estiloadoracao.com/quem-foi-ismael/)<. Acesso em 06 de janeiro de 2024.

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