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A segunda metade do século XVIII marcou para a história um período
crucial para o auge que ocorreu entre 1850 e 1905. Durante o século XVIII, a
cidade já possuía casas grandes, sobrados e edificações adornadas com azulejos
portugueses que chegavam diariamente no porto antigo. Com a concessão do título
de Vila, o município começou a competir diretamente com a Capital, visto que
Mamanguape, devido à sua localização privilegiada e vasta terra fértil para o
cultivo não apenas da cana-de-açúcar, passou a ter comércio direto com o
Recife, na cidade vizinha. A conexão comercial e cultural entre Mamanguape e
Recife, que existia desde a colonização da Paraíba, estava mais forte do que
nunca, e para complementar, a Vila de Areia, um importante comprador e
distribuidor na região do Agreste e Brejo do Estado, estabeleceu laços com
essas duas cidades. A Capital do Estado foi excluída do eixo comercial e
cultural que incluía Recife, Mamanguape e Areia. Esse eixo foi responsável por
um fato interessante: na década de 1850, Mamanguape se tornou a primeira cidade
do Estado a ter um teatro, o “Santa Cecília”, enquanto Areia foi a segunda
(ambas apresentando peças teatrais locais e europeias).
Entre 1850 e 1905, Mamanguape contava com uma classe
rural promissora, ruas pavimentadas e iluminadas por lampiões a óleo, um
comércio vibrante de tecidos finos e produtos importados, sobrados decorados
com azulejos, famílias de origem portuguesa e italiana, além de uma sociedade
que se inspirava nas tradições francesas.
Em 27 de dezembro de 1859, D. Pedro II, o imperador
do Brasil, chegou a Mamanguape acompanhado por uma comitiva de duzentas
pessoas. A cidade o recebeu com grandes honras, apresentando-lhe as chaves da
cidade e, na sequência, ele foi acomodado na residência do Dr. Antônio
Francisco de Almeida Albuquerque, hoje sede do Paço Municipal. O Imperador
visitou a Igreja Matriz, onde observou as estátuas de madeira, os lustres de
baracá, a imponente lâmpada de prata do sacrário e os bancos destinados aos
senhores de engenho e comerciantes ricos. Depois, ele se dirigiu à Igreja do
Rosário, que fora construída por escravos, e à cadeia pública. Ele indagou
sobre as condições dos prisioneiros, a qualidade dos alimentos, a limpeza, bem
como sobre o trabalho e os momentos de lazer. Esteve na Casa da Câmara e
visitou a escola primária mais frequentada, onde se mostrou orgulhoso ao ver 55
alunos matriculados, 42 presentes e 15 participando de aulas de Latim, admirando-se
com as aulas de latim em uma escola primária, o que anotou em seu diário.
Ao voltar para a Corte, o Imperador concedeu ao Dr.
Flávio Clementino da Silva Freire o título de Barão de Mamanguape. 
Mamanguape, devido à sua abundância de engenhos de
açúcar, fazia amplo uso da mão de obra escrava. Com a abolição da escravidão
promovida por princesa Isabel em 1888, a cidade enfrentou um declínio na
atividade que mais contribuía para sua riqueza. Outro aspecto crucial para a
queda da próspera cidade foi o assoreamento do rio Mamanguape ao longo do seu
trajeto pela cidade, especialmente na foz que na época pertencia à região de
Mamanguape. Muitos políticos e moradores da localidade solicitaram o
desassoreamento desse vital rio, alertando que, se nada fosse feito, os recifes
cada vez mais numerosos na Barra de Mamanguape impediriam a passagem de
embarcações. Antes que isso ocorresse — e não demorou muito — a areia exposta
nas margens do rio, que se tornaram cada vez mais desnudadas por conta do
cultivo da cana-de-açúcar, impossibilitou o funcionamento do Porto de Salema.
Além disso, a concorrência de preços com o açúcar produzido nas ilhas do Caribe
e, mais significativamente, a criação da Ferrovia, que, embora essencial para
Mamanguape e Areia, acabou excluindo essas localidades em favor de Campina
Grande e Guarabira, foram fatores que contribuíram para um prolongado período
de recessão e instabilidade na cidade, que até então era a segunda mais rica da
Paraíba.
A partir de 1924, a situação econômica começou a se recuperar com a abertura da Fábrica de Tecidos Rio Tinto, no distrito homônimo. Em 1940, a instalação da Usina Monte Alegre, no Vale do Mamanguape, também ajudou nessa recuperação. Em 1953, foi estabelecida uma Agência da Caixa Econômica, além do fornecimento de água. Em 1958, surgiram a Maternidade Nossa Senhora do Rosário e a iluminação pública, através da eletricidade. Em 1970, a rodovia BR-101 foi construída, conectando João Pessoa, Mamanguape e Natal. Agências bancárias e destilarias, como a Miriri, também foram estabelecidas na região.
Ancestralidade do Barão de Mamanguape
Pais: Alferes João Luiz Freire e Maria Magdalena da Silva
Avós paternos: Antônio Rogério Freire e M. Congolesa
Avós maternos: João da Silva Ferreira Junior e Ignácia da Silva Ferreira
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
Barão de Mamanguape. Disponível em: >(Barão de Mamanguape (Genealogia Freire))<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.
Flávio Clementino da Silva Freire. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/KCSF-MBP)<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.
Mamanguape (PB), cidade histórica, de filhos ilustres, completa 166 anos. Disponível em: >(Mamanguape (PB), cidade histórica, de filhos ilustres, completa 166 Anos (Vale Notícia))<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.
Mamanguape: Das glórias do passado à luta pelo renascimento. Disponível em: >(https://palmarinaestrada.com.br/mamanguape-das-glorias-do-passado-a-luta-pelo-renascimento/)<. Acesso em 25 de janeiro de 2025.
Usina Monte Alegre. Disponível em: >(https://www.acucaralegre.com.br/institucional/)<. Acesso em 26 de janeiro de 2025.

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