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Conforme a dissertação de mestrado da UFS, a família Franco, que possui impacto em diversos níveis de poder no estado, teria desenvolvido sua influência a partir da exploração do trabalho nas plantações de cana-de-açúcar durante a época colonial do Brasil, expandiu seus negócios e se envolveu na política durante a Era Vargas, além de ter avançado em mídias e outros empreendimentos durante o período da ditadura militar, continuando até os dias atuais com a precarização em suas usinas. Bruno afirma que a família utilizou sua riqueza, proveniente da ocupação de várias áreas que se tornaram fazendas (sendo que 19,4% do município de Riachuelo pertence aos Franco), para afetar a política do estado. Na década de 1940, já estavam investindo na política partidária, com a eleição de Walter do Prado Franco como senador pela UDN.
Atualmente, além das usinas, fazendas, negócios agropecuários, indústrias e um shopping, os integrantes da família Franco também controlam meios de comunicação, como a TV Sergipe (afiliada à Globo) e a TV Atalaia (afiliada à Record), cujos direitos de transmissão foram obtidos durante a ditadura militar (1964-1985).
No presente, a família Franco não ocupa cargos eletivos, mas ainda teria poder de influência nas decisões políticas. De acordo com a dissertação de Bruno Vieira, a família conseguiu uma certa forma de "proteção", mesmo no âmbito do Judiciário. Um exemplo recente foi a permanência do ex-deputado estadual Marcos Franco como secretário estadual do Turismo, mesmo após ser acusado de violência contra a mulher.
Bruno Vieira é um professor que se especializou em Ciência Política, possui um mestrado em Geografia e é parte do Grupo de Pesquisa em Estudos Urbano-regionais, Política e Educação da UFS.
O foco geográfico de sua pesquisa abrange os municípios de Riachuelo, Laranjeiras, Areia Branca, São Cristóvão, Itaporanga D’Ajuda, Aracaju, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora, onde o domínio econômico e geográfico da família Franco se originou e persiste.
A família Franco é considerada
tradicional, mas não encontramos evidências de que tenham chegado ao Brasil já
estabelecidos, visto que já em 1700 e poucos, o nome dos Franco aparecia em
registros oficiais. O que destaco sobre a posse da terra é que, uma vez que
grupos específicos detêm terras, eles detêm poder.
Uma vez que a família Franco já possuía terras desde a época colonial e, a partir de 1850, a terra passa a ser de propriedade privada (anteriormente pertencente à Coroa, que não vendia, mas concedia as terras, podendo retirá-las quando desejasse); após conseguirem manter a posse privada a partir de 1850, os Franco adquiriram capital e meios de exploração, uma vez que a terra serve como um recurso de exploração. A terra é tanto um resultado quanto uma condição da luta de classes. Tudo se desenvolve sobre esse espaço.
Eles sempre foram donos de escravos, bem como grandes proprietários de terras e coronéis. A partir da década de 1940, eles se inseriram de fato na política, embora já tivessem influência desde o século XIX.
Getúlio Vargas, na presidência, era responsável por indicar os governadores dos estados e os interventores no período do Estado Novo. Os grandes proprietários de terras, que eram donos de engenhos antes de se tornarem usinas, influenciavam as escolhas promovidas por Vargas, evidenciando essa influência.
A Era Vargas não quebrou o poder das oligarquias. Em Sergipe, os Franco continuaram a desfrutar, estabelecer e expandir seu controle econômico e político. De que maneira? Com a posse da terra, eles puderam acessar e atuar na política e na Justiça.
Durante a gestão de Getúlio Vargas, foi criado um projeto denominado Instituto do Açúcar e Álcool (IAA), uma iniciativa pública. Este programa foi crucial na transformação dos antigos engenhos de açúcar em usinas modernas. A ascensão dos Franco ocorreu através da posse de terras e do acesso a políticas públicas e estruturas estatais entre as décadas de 1940 e 1960.
Eles sempre foram escravocratas. Atualmente, vivemos uma forma moderna de escravidão, refletida no trabalho assalariado.
Com acesso às políticas públicas, eles as moldam e promovem seus negócios e grandes propriedades. Diversas políticas públicas aumentaram significativamente suas riquezas. Os Franco evoluíram de um engenho, conhecido como Engenho São José (agora chamado Usina São José do Pinheiro), para possuírem mais de 15 fazendas – isso apenas sob a Usina Pinheiro localizada em Laranjeiras, Areia Branca e Riachuelo. Hoje, os Franco controlam 15% da área de Laranjeiras.
Essas propriedades rurais nunca foram verdadeiramente deles. O que realmente possuíam era o Engenho São José do Pinheiro, por herança. Com o início da República Velha, eles conquistaram o Engenho Central.
Nas décadas de 1970 e 1980, houve
uma intensa exploração da mão de obra local. No entanto, atualmente, a força de
trabalho nos canaviais dos Franco vem do interior de Alagoas e da Bahia, e não
mais do agreste sergipano ou da região do Vale do Cotinguiba. Os trabalhadores
dessa área foram forçados a se mudar para a capital ou para Itabaiana, ou se
recusaram a aceitar a exploração laboral. Do interior de Alagoas, muitos são
descendentes de indígenas, e do interior da Bahia, a força de trabalho é
composta em grande parte por negros. Eles organizam o transporte desses
trabalhadores por meio de ônibus.
Existem duas fases, a de colheita
e a de semeadura. Normalmente, os trabalhadores que realizam a colheita da cana
se alojam em depósitos temporários. A precariedade abrange desde a alimentação
até a habitação, passando pela ausência de cuidados com os ferimentos,
exposição ao sol e ao calor nesses depósitos. Além de formar um espaço de
exploração laboral, essas regiões também se transformam em áreas de curral
eleitoral.
Os anos da ditadura militar representaram um período de prosperidade para o setor empresarial, especialmente para os grandes proprietários de terras, devido ao favorecimento dado por aliados do comércio em troca de benefícios. A permanência do regime militar no poder dependia de os empresários receberem em troca um aumento significativo de investimentos públicos nas suas iniciativas privadas.
O Exército impôs ao grande setor
empresarial – no caso de Sergipe, os proprietários de usinas de cana – uma
série de políticas públicas voltadas para o crescimento econômico e produtivo,
como foi o caso do Proálcool na década de 70, em meio à crise do petróleo. O
Proálcool injetou uma quantia considerável de recursos na produção de cana em
todo o país. No Nordeste, a situação foi semelhante, pois era a região central
da produção de cana, deslocando-se para São Paulo a partir dos anos 90.
Os Franco obtiveram enormes
vantagens, expandindo suas propriedades, aumentando suas plantações de cana e
diversificando suas produções para açúcar e álcool. Esse crescimento resultou
em um aumento significativo no número de pequenos agricultores que migraram
para a capital e a área metropolitana nas décadas de 70 e 80.
Os pequenos agricultores se viram
obrigados a vender suas pequenas propriedades devido à competição que os
canaviais dos Franco impuseram. Eles precisaram se deslocar ou aceitar
condições de trabalho precárias, se desfazer de suas terras ou lotear para
grandes proprietários. Isso levou à formação de vilas operárias, que ainda
podem ser encontradas nas plantações de cana dos Franco.
Texto de Eugênio Pacelly Alves
Referências bibliográficas:
Política e poder: influência da família Franco na reprodução do espaço sergipano. Disponível em: >(Política e poder: influência da família Franco na (re)produção do espaço sergipano (Dissertação Bruno Vinícius Santos Vieira - RIUFS))<. Acesso em 09 de março de 2025.
SE: família Franco influencia política desde a década de 40. Disponível em: >(SE: família Franco influencia política desde a década de 40 (Terra))<. Acesso em 09 de março de 2025.

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