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(Texto compartilhado no dia 11 de fevereiro de 2025 por Alexandre Gonçalves do Bonfim)
Em
1552, D. Duarte da Costa foi escolhido para ser o governador geral do Brasil,
sendo filho de D. Álvaro da Costa, que atuava como camareiro e armador-mor do
rei D. Manuel I. Apesar de sua família não ser da nobreza, eles mantinham uma
forte conexão com a corte portuguesa, o que ajudou na sua ascensão ao cargo. D.
Duarte possuía uma relação próxima com o príncipe D. João III, o que pode ter
tido um papel importante em sua nomeação. Durante seu período no cargo, ele,
junto com seu filho, D. Álvaro da Costa, reprimiu os indígenas, especialmente
os Tupinambás.
Antes
de voltar a Portugal em 1557, D. Duarte fez a doação de uma sesmaria entre os
rios Jaguaripe e Paraguaçu para seu filho, D. Álvaro, em reconhecimento aos
seus serviços. Em 1562, D. Álvaro buscou a validação dessa doação, já que a
terra permanecia desocupada devido à resistência dos indígenas. A Coroa não
apenas confirmou a posse, mas também transformou a área em capitania,
concedendo a D. Álvaro poderes de jurisdição e a capacidade de distribuir
sesmarias. Isso possibilitou uma melhor organização do território na área.
Após
a transformação da sesmaria em capitania, D. Álvaro pôde realizar a
distribuição de terras, que ocorreu entre os anos de 1560 e 1570. Contudo, ele
nunca retornou ao Brasil e designou seu primo, Fernão Vaz da Costa, como seu
representante no Paraguaçu. Após o falecimento de Fernão em 1568, seu genro,
Martim Carvalho, assumiu o cargo, continuando a administração e recebendo
terras na região. A dinâmica das doações e a mobilização de descendentes de
figuras proeminentes como Diogo Álvares Correa, conhecido como Caramuru,
evidenciam a importância das alianças familiares e militares na formação da
sociedade colonial na Bahia.
Álvaro
Rodrigues e Paulo Dias Adorno casaram-se com duas das muitas filhas de Diogo
Álvares Correia e suas esposas Tupinambá. Paulo Dias Adorno casou-se com Felipa
Álvares, enquanto Afonso Rodrigues tomou Madalena Álvares como noiva, conforme
relata Frei Jaboatão. Algumas fontes sugerem que ambos chegaram ao Brasil ao
lado de Martim Afonso de Sousa durante a sua expedição inicial para os
portugueses na América. Há também alegações de que eles chegaram à Bahia
enquanto escapavam de acusações de assassinato em São Vicente. Juliana Brainer
Neves observa que Dias Adorno era um nobre de família de Gênova. No entanto,
para Rodrigues não há informações claras sobre a sua situação social no reino,
apenas que era oriundo da vila de Óbidos.
É
importante notar que a ligação entre essas três famílias facilitou a ascensão
social dessa linhagem, atribuída às honras e recompensas recebidas por serviços
prestados à administração colonial. Além disso, o fortalecimento do status dos
descendentes de Caramuru foi impulsionado pelo casamento de sua neta, Izabel
Dias, com Garcia D'Ávila. A fusão das propriedades de ambas as famílias
desempenhou um papel crucial na formação da renomada e vasta propriedade da
família D'Ávila. Esse contexto ressalta a importância das uniões familiares na
administração da terra e no serviço à Coroa em busca de benefícios, que, como
ilustra o historiador Rodrigo Ricupero, foram cruciais para a acumulação da
riqueza dos latifundiários na Bahia durante os séculos XVI e XVII.
Ao
todo, foram concedidas 08 concessões de terras às famílias Dias Adorno e
Rodrigues e aos descendentes de Diogo Álvares Correia, conhecido como Caramuru.
Entre as diversas expedições organizadas pelo governo geral com o objetivo de
extrair minerais preciosos, reprimir levantes indígenas e escravizar indígenas,
existem numerosos registros que indicam o envolvimento de membros da família,
incluindo algumas incursões na região do Paraguaçu. O relato mais antigo da
participação de um membro da família em expedições ao Paraguaçu é o de António
Dias Adorno, filho de Paulo Dias Adorno, durante o mandato de Mem de Sá, que
era o líder na época. Em seguida, há o registro de Álvaro Rodrigues, filho de
Afonso Rodrigues, liderando uma expedição ao Paraguaçu em 1573 sob as ordens do
governador Luís de Brito. Após esse evento, Afonso Rodrigues estabeleceu um
engenho de açúcar ao norte do rio, próximo a Iguape.
Consequentemente,
é razoável considerar que as concessões de terras dadas aos Rodrigues, aos Dias
Adorno e aos descendentes de Caramuru possam ter sido influenciadas pelo
envolvimento dessas famílias em algumas das expedições realizadas no vale do
Paraguaçu. Felipa Álvares, filha de Caramuru e esposa de Paulo Dias Adorno,
recebeu terras perto do rio Capanema. Nessas terras, o filho do casal, Antônio
Dias Adorno, que havia apoiado Mem de Sá nas missões para subjugar os indígenas
no Paraguaçu, estabeleceu dois engenhos de açúcar na década de 1570. Como
sertanista, ele também participou de viagens à capitania de Porto Seguro e recebeu
uma concessão de 1200 braças de terra cedidas para Gomes Rodrigues.
Gaspar
Rodrigues também foi homenageado por Pero Carreiro. O filho mais novo de Afonso
Rodrigues recebeu, em 12 de maio de 1574, 3000 braças quadradas. É interessante
observar a particularidade de sua doação, que impunha ao Rodrigues a
responsabilidade de povoar as terras designadas para pecuária em até seis
meses. Um acordo semelhante foi estabelecido nas cartas de doação de sesmaria
de Belchior Dias Porcalho (que possuía um engenho de bois na região de
Parnamirim, conforme Gabriel Soares de Sousa), de Catarina Álvares (filha de
Caramuru que obteve 5000 léguas próximas à foz do rio Jaguaripe) e de Antônio
Paiva (casado com Felipa de Figueiredo, neta de Caramuru).
É
relevante também o caso de Cristóvão de Barros, que recebeu uma légua de terra
nas áreas do Ibatatan em 25 de julho de 157820, onde foi edificado um engenho.
Ele era filho do donatário do Ceará, António Cardoso de Barros, um escudeiro
fidalgo ativo na Índia. Cristóvão de Barros chegou à Bahia ao lado de seu pai,
que, após desistir de sua capitania (do Ceará), foi nomeado o primeiro
provedor-mor da fazenda do Brasil em 154921.
Na
Bahia, ele começou sua trajetória como soldado, mas em 1566 tornou-se
capitão-mor de uma esquadra enviada do reino para auxiliar na fundação do Rio
de Janeiro, capitania real que governou de 1572 até pelo menos 1575. Ele
assumiu o cargo de provedor-mor, que herdou do pai, e foi o líder na conquista
da área onde foi estabelecida a capitania de Sergipe Del Rey, da qual foi o
primeiro capitão. Além disso, tomou parte do governo geral interino entre 1587
e 1591 e, segundo Ricupero, possuía várias propriedades em Sergipe e no Rio de
Janeiro (onde tinha um engenho)22. Como mencionado anteriormente, Cristóvão de
Barros atuou como soldado na Bahia na década de 1560. Portanto, não se deve
ignorar que ele recebeu a sesmaria na donataria de d. Álvaro da Costa como uma
compensação por sua possível participação nas guerras do Paraguaçu.
Assim,
é possível notar que a capitania do Paraguaçu foi uma fonte de mercês para
indivíduos que estavam associados ou participavam da administração colonial.
Texto adaptado por Eugênio Pacelly Alves
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