A participação da família Magalhães Pinto, juntamente com
outras famílias do Ceará, no movimento separatista de 1824 foi um evento que
não ocorreu de maneira isolada. A Revolução Pernambucana, que ocorreu em 1817,
já havia estabelecido as bases para a resistência ao governo central, e
diversas famílias que estiveram envolvidas nesse episódio também se alistaram
na luta no Ceará. Um exemplo notável é o de Manoel Alexandre de
Lima, que era genro de José de Barros Lima, conhecido
como Leão Coroado, uma figura central na revolta de 1817. Leão Coroado foi um
dos pioneiros a se insurgir contra a opressão dos portugueses, ao matar um
oficial que tentava detê-lo, o que deu início à Revolução Pernambucana. Esse
ato marcante se tornou um símbolo da resistência local e foi um legado passado
de geração em geração. Manoel Alexandre de Lima e outros líderes cearenses, que
eram parentes de Barros Lima, mantiveram viva essa tradição de luta contra o
centralismo, que foi fundamental nos eventos de 1824.
A continuidade dessa tradição de resistência ocorreu dentro da família. Em 1814, Alexandrina Joaquina Taveira, filha de Manoel Alexandre de Lima de seu primeiro casamento, uniu-se a José Vidal de Negreiros, unindo assim as famílias Lima e Vidal de Negreiros em Quixeramobim. Entre as testemunhas desse casamento, haviam personalidades significativas, como o v e o Capitão Miguel José de Queiroz, que tiveram papéis importantes nos acontecimentos que se seguiram à promulgação da ata.
Na lista de signatários da ata de 9 de janeiro
de 1824, estão destacados nomes que tinham vínculos com o Leão Coroado. Manoel
Alexandre de Lima, que era escrivão da Câmara, já foi mencionado como cunhado
de José de Barros Lima (1764-1817). José Monteiro de Magalhães Pinto, um
comerciante influente e proprietário de terras, também integrava esse círculo
familiar, assim como seu irmão Antônio José de Magalhães Pinto e, mais tarde,
seu filho, José Monteiro de Magalhães Pinto Jr. A atuação dessas personalidades
está profundamente conectada às relações familiares que se estenderam por
gerações. Manoel Alexandre de Lima, que ficou viúvo de Anna Joaquina Taveira
(que viveu aproximadamente de 1777 a 1809), contraiu matrimônio novamente com
Maria de Nazareth Bezerra de Menezes. Esse segundo casamento, realizado em 27
de novembro de 1809, em Aracati, fortaleceu a presença de sua família no Ceará,
especialmente na área de Quixeramobim, situada no sertão Central. Dessa união
nasceu Maria Conceição de Albuquerque Lima, que se casou com Fábio Máximo de
Moraes Monteiro, filho de José Monteiro.
Texto de Patrício Holanda
Referências bibliográficas:
ARAÚJO LIMA, Francisco de. Genealogia Cearense: séculos XVIII e XIX. Fortaleza: Edições Nordeste, 1988.
BEZERRA NETO, Eduardo de Castro; BARROS LEAL, Vinicius; TELES PINHEIRO, Raimundo. Os Bezerra de Menezes: do Riacho do Sangue, da Zona Norte e do Cariri. Fortaleza: Tipografia a Minerva, 1982.
FACÓ, Boanerges. Genealogia Família Queiroz - Ferreira de Beberibe - Os Facós - Turbulentos e Trágicos. In: Revista da Academia Cearense de Letras, 1961, n. 17, p. 254-273.
MATTOS, Ilmar Rohlo de. O Tempo Saquarema: a Formação do Estado Imperial. São Paulo: Hucitec, 1994. MELLO, Evaldo Cabral de. A Outra Independência: O Federalismo Pernambucano de 1817 a 1824. São Paulo: Editora 34, 2004.

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