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sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Capitão Alexandre Nery Pereira Nereu

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(Texto compartilhado no dia 05 de agosto de 2025 por Henrique Rodrigues Neri)

Alexandre Nery Pereira Nereu, nascido aproximadamente em 1738. Foi o patriarca da família Neri na região da Ribeira do Acaraú no Ceará e também foi um dos bravos indivíduos que desempenhou um papel significativo na Batalha do Jenipapo, um conflito crucial durante a Guerra da Independência do Brasil. Essa batalha feroz ocorreu em 13 de março de 1823, às margens do rio Jenipapo, na cidade de Campo Maior, Piauí.

Nesse confronto histórico, piauienses, maranhenses e cearenses lutaram contra as tropas portuguesas lideradas pelo Major João José da Cunha Fidié. As forças portuguesas buscavam manter a região norte da ex-colônia leal à Coroa Portuguesa. Apesar da falta de treinamento militar formal e armamento adequado, os combatentes brasileiros se envolveram em combate corpo a corpo. Embora tenham perdido a batalha, sua tenacidade forçou as tropas inimigas a mudar de rumo. A Batalha do Jenipapo deixou uma marca indelével na luta do Brasil pela independência, solidificando a integridade territorial da nação.

Entre os heróis corajosos que lutaram ao lado de Alexandre Nery Pereira Nereu estavam Luís Rodrigues Chaves, João da Costa Alecrim, Inácio Francisco de Araújo Costa, Salvador Cardoso de Oliveira, Pedro Francisco Martins, Simplício José da Silva e José Pereira Filgueiras. Esses humildes vaqueiros e roceiros mantiveram-se firmes, mesmo diante de probabilidades avassaladoras.

O desfecho da batalha viu os mercenários portugueses emergirem vitoriosos, mas sua subsequente derrota na guerra de independência foi atribuída às táticas de guerrilha dos sertanejos. Após o combate no Jenipapo, os combatentes brasileiros surpreenderam o acampamento português, apoderando-se de armas, munição, dinheiro e pertences do Major Fidié. Eles também bloquearam o caminho para Oeiras, forçando o comandante português a se retirar do Piauí.

Como homenagem a esse evento histórico, a data de 13 de março foi adicionada à bandeira do Piauí. O estudo da Batalha do Jenipapo agora faz parte do currículo de história, garantindo que a coragem e o sacrifício daqueles que lutaram pela independência do Brasil sejam lembrados e celebrados.

Alexandre Nery Pereira Nereu era filho legítimo do Tenente Manuel Pereira de Sousa, natural do Coreaú, e de sua mulher Tereza Maria da Assunção, natural desta freguesia de Nossa Senhora da Conceição da vila do Sobral e nela moradores, neto paterno do Sargento mor Alexandre Pereira de Sousa, natural do Arcebispado da Bahia, e de sua mulher Antônia Ribeiro natural do Coreaú e neto materno de Domingos Ferreira Gomes, natural de Cadaval do Patriarcado de Lisboa, e de sua mulher Maria ÁlvaresPereira, natural do Coreaú e irmão de Francisco Miguel Pereira Ibiapina.


A batalha de Jenipapo

Sobre o processo de Independência do Brasil, Malerba (1999) menciona que a invasão das tropas napoleônicas em território português fez com que D. João VI se transferisse com toda a Corte e sua Família Real para o Brasil em 1808.

O autor aponta que esse evento representou o início da autonomia política da então colônia portuguesa. Com a abertura dos portos às nações amigas, o Brasil deixou de ser economicamente isolado e, assim, o pacto colonial se finalizou. Inicialmente, a presença da Família Real trouxe alegria e festividades para a colônia. A sede em Rio de Janeiro resultou em mudanças na vida da população, além das construções como a Real Biblioteca e a Imprensa Régia, mas também trouxe alterações significativas no estilo de vida, no vestuário e na cultura de um modo geral (Malerba, 1999).

Em 1821, D. João VI deixou o Rio de Janeiro e voltou para Portugal, deixando como responsável pelos negócios do Brasil seu filho, o Príncipe D. Pedro I (Neves, 1974). O retorno da Família Real para Portugal significava que a colônia deveria reiniciar a recuperação de suas riquezas que haviam sido perdidas durante as invasões napoleônicas. No entanto, a população brasileira já havia vivenciado o poder de fazer suas próprias escolhas e a ideia de retornar a um status colonial não era mais possível, e a expectativa era, sem dúvida, de avançar no processo de libertação política. Uma vez que D. João VI tinha interesse em manter essas terras, ele não apenas enviou seu afilhado, mas também um de seus melhores comandantes. De acordo com Monsenhor Chaves (2006), Fidié era reconhecido por sua coragem em situações de risco; além de ser um líder experiente em combates, ele era um excelente estrategista.

Durante as batalhas, não apenas comandava suas tropas, mas também liderava o enfrentamento na linha de frente. Expectativa de resistência não era aguardada inicialmente, pois onde Fidié passava as pessoas fugiam ou se ocultavam. Em diversos momentos, era possível ver ao longo do trajeto das tropas várias fazendas e casas, mas ao chegarem, encontravam as propriedades desocupadas, já que não era prudente ficar perto de soldados tão indisciplinados. Ao chegar a esses locais, eles saqueavam e matavam (Chaves, 2006). Ao desembarcar no Brasil em agosto de 1822, Fidié se dirigiu à Capital da Província do Piauí, Oeiras, onde assumiu a posição de Governador das Armas e preparou seu exército para qualquer eventualidade. Apesar de suas tentativas, ele não conseguiu impedir que a Vila de Parnaíba se declarasse favorável publicamente às intenções do Príncipe D. Pedro I de proclamar um Brasil independente de Portugal. Ao tomar conhecimento do fato, o Major Fidié mobilizou suas tropas e marchou em direção ao litoral da província para reprimir o movimento separatista.

Ao chegar à vila de Parnaíba, a encontrou completamente deserta, pois alguns líderes haviam partido em busca de ajuda na Província do Ceará para enfrentar as tropas portuguesas. Assim, como a vila estava sem qualquer autoridade política, o Major Fidié transformou aquele local em seu quartel-general por alguns meses, até que algo inesperado ocorresse na Capital Oeiras. Durante a ausência de Fidié, alguns líderes associados a Manuel de Sousa Martins, que futuramente se tornaria o Visconde de Parnaíba, impulsionados por um desejo de ascender ao poder, aproveitaram a oportunidade para declarar publicamente sua adesão a D. Pedro I e ao movimento pela "Independência do Brasil", iniciando um processo de articulação para um possível, ou certo, confronto com as tropas de Fidié (Chaves, 2006).

Ao tomar conhecimento do ocorrido, o Major Fidié começou uma nova jornada de volta para Oeiras. Rumores indicavam que na Vila de Campo Maior, os moradores estavam se organizando para enfrentar as tropas de Fidié, ali mesmo. No entanto, isso jamais o desmotivou a continuar seu trajeto em direção à capital. "Na véspera de 13 de março de 1823, as tropas de Fidié já estavam acampadas na Fazenda Canto do Silva, a cerca de 10 quilômetros da travessia do Rio Jenipapo" (Carvalho, 2014, p. 56), e atualmente, essa travessia está sendo examinado na tentativa de identificar essa localidade nas rotas antigas utilizadas pelas tropas portuguesas.

Conforme Monsenhor Chaves (2006), na Vila de Campo Maior, reuniram-se cerca de dois mil homens, exultantes como se tivessem retornado de um triunfo, em frente à Igreja de Santo Antônio, na atual Praça Bona Primo, a principal praça da cidade, onde todos se congregaram para lutar, ninguém se recusou ou se acovardou, e a multidão continuava a crescer em expectativa de combate contra os portugueses (Chaves, 2006).

Havia um aumento no número de soldados, mas as armas disponíveis eram muito limitadas em relação ao que enfrentariam com as forças de Fidié. "Além da escassez de armamentos entre os colonos, que se defendiam com paus, pedras e facões, eles eram agricultores, pastores, trabalhadores rurais, cozinheiras, artesãos e totalmente sem preparo para o combate" (Fonseca Neto, 2010, p. 9). É evidente que aqueles que participaram desse confronto não possuíam treinamento militar nem armamentos para se engajar na luta.

Segundo Chaves (2006, p. 8), "as raras espingardas haviam sido entregues aos cearenses. Por outro lado, os piauienses estavam armados com espadas antigas, facões, lanças, machados e foices. Contudo, para eles, a falta de armas não era um obstáculo, pois estavam confiantes na vitória." Ninguém, na verdade, cogitava a possibilidade de morrer.

Os independentes planejavam cercar a entrada de Fidié de todas as direções, criando assim uma bifurcação nos caminhos que ele utilizaria, o que lhes permitiria atacar por ambos os lados, com eles esperando a oportunidade. Como parte do seu plano, Fidié decidiu dividir suas tropas, com a artilharia seguindo à esquerda e a cavalaria à direita, com o objetivo de surpreendê-los e lançarem um ataque de múltiplas frentes.

As forças de Fidié estavam dominando os independentes durante a batalha, resultando em perdas significativas para ambos os lados. “Eles já não lutavam mais, apenas se arrastavam em direção à morte” (Chaves, 2005, p. 87).

As tropas de Portugal também sofreram perdas, porém nada que se comparasse ao impacto trágico que a Vila de Campo Maior enfrentou. Pouco depois de cinco horas de combate, a luta terminou devido ao cansaço de ambos os lados, ao calor intenso e à falta de condições para continuar. O Major Fidié (1942) mencionou em sua obra que apenas dezesseis soldados faleceram nessa batalha e que os corpos foram sepultados na área do Jenipapo antes de serem levados para o Maranhão, onde acabou sendo capturado, detido e retornado a Portugal, sendo recebido como um herói (Chaves, 2006, p. 91). 

Na Vila de Campo Maior, centenas de colonos perderam a vida devido aos disparos dos canhões e armas portuguesas. É provável que muitas famílias tenham levado seus familiares falecidos para sepultamentos em vilas vizinhas, ou em cemitérios já estabelecidos, com alguns sendo enterrados no local onde pereceram, diretamente na área da batalha. Para os habitantes de Campo Maior, a data de 13 de março de 1823 continua a ser lembrada até hoje. Após dois séculos desde os eventos, essa data é motivo de orgulho para a comunidade, onde mantêm sua fé, memória e gratidão pelo ocorrido.



Texto de Patrício Holanda




Referências bibliográficas:

A batalha do Jenipapo e sua importância para a Independência do Brasil. Disponível em: >(https://www.pm.pi.gov.br/bj.php)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

Capitão Alexandre Nery Pereira Nereu. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/GFSR-Y68)<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

CARVALHO, M. A. A. 2014. Batalha Do Jenipapo: Reminiscências Da Cultura Material em uma Abordagem Arqueológica. Rio Grande do Sul. 

CHAVES, J. M. 2005. O Piauí nas lutas da Independência do Brasil. 2ª ed. Teresina: Fundapi.

FONSECA NETO, A. 2010. Jenipapo: Riacho irrigado com sangue de esperança. Teresina.

MALERBA, J. 1999. O Brasil Imperial (1808-1889): Panorama da história do Brasil no século XIX / Jurandir Malerba. -- Maringá :Eduem. 92 p. : il. 

NEVES, A. A. 2006. Guerra de Fidié. 4. Teresina. Fundapi.  

O militar português que lutou contra a Independência do Brasil no Piauí. Disponível em: >(O militar português que lutou contra a Independência do Brasil no Piauí (Facebook))<. Acesso em 12 de janeiro de 2024.

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