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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Jornada de Lampião e Maria Bonita

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Lampião é reconhecido como o mais célebre líder cangaceiro do Brasil, ativo entre 1922 e 1938. Proveniente de uma família de classe média, perdeu tudo devido a uma controvérsia relacionada à propriedade de terras. Ele comandou um grupo que amedrontou as áreas rurais do Nordeste com seus saques. Sua vida chegou ao fim em uma armadilha, em 1938.

Virgulino Ferreira da Silva veio ao mundo em Serra Talhada, Pernambuco, no dia 7 de julho de 1897, e fazia parte de uma família de agricultores que enfrentava dificuldades, mas possuía algumas posses. Notório na história do Brasil como Lampião, sua data de nascimento gera debate, pois diferentes biografias apresentam várias datas.

O 7 de julho de 1897 é uma das datas comumente aceitas, pois está registrada em seu documento civil. No entanto, alguns biógrafos acreditam que o dia 4 de junho de 1898 seja mais preciso, conforme indicado em seu registro de batismo. O fato é que ele foi o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Lopes.

A família de Lampião desfrutava de uma condição financeira aceitável e possibilitou sua educação, permitindo que o jovem Virgulino aprendesse a ler e tivesse boa escrita. Isso se deu em parte porque seu pai possuía terras que adquirira e herdara, além de exercer a função de almocreve.

Virgulino Ferreira completou sua educação em apenas três meses e, ainda na adolescência, já estava atuando ao lado de seu pai na atividade de almocreve. Juntos, eles organizavam uma espécie de caravana, puxada por burros, para transportar mercadorias pelas áreas do Nordeste.

Durante esse período, Lampião percorreu diversos estados nordestinos, incluindo: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Ceará. Esse trabalho proporcionou-lhe conhecimentos valiosos para o futuro, como uma rede de contatos na região e uma familiaridade com os caminhos do sertão, além de informações sobre os melhores lugares para descansar e fontes de água.

A partir de 1915, a vida tranquila da família de Lampião começou a ser perturbada. Isso ocorreu quando José Alves de Barro, conhecido como Zé Saturnino, começou a se destacar politicamente na área onde os Ferreira residiam. José Ferreira, pai de Lampião, era vizinho de Zé Saturnino, e logo uma disputa territorial emergiu entre as duas famílias.

As ligações políticas de Zé Saturnino também ajudaram a fomentar ações contra os Ferreira. Algumas desavenças começaram a surgir entre Zé Saturnino e os filhos de José Ferreira, incluindo Lampião. Zé Saturnino passou a utilizar sua influência para prejudicar a família Ferreira.

Os Ferreira eram politicamente menos poderosos na região, e o pai de Lampião precisou se mudar para tentar resolver a conflituosa questão com Zé Saturnino, que versava sobre a concentração de terras na área da ribeira de São Domingos. A situação para os Ferreira foi se agravando, levando-os a se deslocar várias vezes.

A cada alteração, a família enfrentava um empobrecimento ainda maior. Esse cenário levou Lampião e alguns de seus irmãos a buscarem vingança pela situação trágica da família. A esse respeito, o pesquisador Guerhansberger Tayllow observa que, em 1920, Lampião já atuava como cangaceiro, retaliando Zé Saturnino e aqueles que ameaçavam sua família.

A perseguição contra os Ferreira culminou no assassinato de José Ferreira em 18 de maio de 1921. Nesse momento, Lampião já integrava o submundo cangaceiro e, mais adiante, como veremos, fez parte de uma importante gangue na localidade.

Os historiadores entendem o cangaço como um fenômeno de banditismo que se disseminou pelo Nordeste do Brasil a partir do século XIX, mantendo-se ativo durante a maior parte da primeira metade do século XX. O surgimento do cangaço é atribuído às condições sociais, políticas e econômicas da região.

Os problemas da sociedade brasileira, como a desigualdade, a pobreza e a ausência de acesso à Justiça, foram cruciais para que o cangaço surgisse. Isso ocorre porque uma grande parte da população rural nordestina vivia em situações de miséria e estava sob a influência das poucas famílias ricas que dominavam a área.

Essas famílias influentes utilizavam sua riqueza para adquirir poder político e transformavam a política em uma troca de favores, negando à população necessitada qualquer tipo de apoio. Conflitos eram resolvidos por meio da violência, uma vez que a Justiça só protegia os privilegiados.

Economicamente, a população nordestina se encontrava em um estado de pobreza, e o trabalho dos camponeses era intensamente explorado. O sofrimento das famílias aumentava nos períodos de seca, que dificultavam a obtenção de sustento por meio da agricultura e pecuária. Esse ambiente favoreceu o surgimento do banditismo, consolidando assim o fenômeno do cangaço.

Os cangaceiros eram grupos de bandidos que percorriam o interior do Nordeste, realizando ataques e saques pelo caminho. Eles transitavam pela Caatinga e evitavam grandes embates. Conseguiam suas armas através de ações contra as forças policiais e formavam pequenos grupos. Para parte da população, eram vistos como heróis e recebiam apoio de alguns aliados conhecidos como coiteiros.

Em 1921, Virgulino Ferreira se juntou ao grupo de Sinhô Pereira, um dos cangaceiros mais proeminentes do Nordeste. Dentro desse grupo, ele prosperou e se tornou o mais famoso e temido do Brasil. Seu apelido, Lampião, originou-se de sua habilidade em disparar rapidamente, iluminando a noite com sua presença.

Sob a orientação de Sinhô Pereira, Lampião adquiriu muitos conhecimentos. Ele aprendeu a se manter vivo no cangaço, a ocultar suas pegadas, a evitar confrontos diretos com as forças policiais e a agir durante os ataques. Em julho de 1922, Sinhô Pereira deixou o cangaço, e Lampião passou a comandar o grupo.

Dessa forma, Lampião começou a liderar investidas contra propriedades e cidades em busca de riqueza. Ele roubava o que conseguia, solicitava resgates por certos itens que levava, e, frequentemente, extorquia localidades, demandando pagamento para não as atacar. Ele também soube criar uma rede de apoiadores que o assistiam sempre que fosse necessário.

Lampião comandou seu grupo de cangaceiros de 1922 até 1938, realizando vários ataques nesse período. Ele enfrentou diversas vezes as tropas volantes, que eram as forças policiais móveis encarregados de combater os cangaceiros. No entanto, ele evitava confrontos muito diretos para prevenir perdas entre seus homens e desperdício de munição.

Em suas jornadas, Lampião conheceu Maria Gomes de Oliveira, que pertencia a uma família de coiteiros. Ela ficou conhecida como Maria Bonita e se apaixonou por Lampião, deixando seu marido para ficar com o líder cangaceiro. Ela se juntou ao grupo de Lampião em 1930 e se tornou a primeira mulher a integrar o cangaço.

Até aquele momento, as mulheres não estavam envolvidas no cangaço, mas essa situação mudou devido a Lampião, e os homens acabaram sendo acompanhados por suas parceiras. A entrada de Maria Bonita ocorreu em um período de declínio do cangaço e ajudou a relaxar as medidas de segurança dos cangaceiros, pois os intervalos de descanso se tornaram mais frequentes. Segundo a história, Lampião e Maria Bonita tiveram uma filha em 1932, chamada Expedita Ferreira Nunes.

No dia 27 de julho de 1938, Lampião e seu grupo se acomodaram para descansar na fazenda Angicos, situada em Poço Redondo, Sergipe. No entanto, a localização de Lampião foi delatada (ainda não se sabe por quem), e as tropas volantes foram em direção ao seu bando.

Na madrugada de 28 de julho de 1938, o grupo de Lampião foi surpreendido por um ataque das tropas volantes. O líder foi atingido com três disparos e morreu no local. Seu corpo foi decapitado, e sua cabeça foi levada para vários lugares como um troféu de sua morte, pois ele era um dos homens mais procurados do Nordeste.

Outras teorias surgiram para explicar sua morte: Alguns estudiosos afirmam que ele poderia ter sido envenenado um dia antes do ataque, enquanto outros sugerem que ele conseguiu fugir e se escondeu pelo resto de sua vida. No entanto, essas teorias não têm aceitação generalizada, e considera-se que ele foi realmente executado durante o ataque surpresa.



Texto de Eugênio Pacelly Alves



Referências bibliográficas:

Lampião. Disponível em: >(https://brasilescola.uol.com.br/historiab/lampiao.htm)<. Acesso em 25 de novembro de 2024.

Conheça a história de Lampião, o cangaceiro que se tornou herói popular. Disponível em: >(https://www.brasilparalelo.com.br/artigos/lampiao)<. Acesso em 25 de novembro de 2024.

Virgulino Ferreira da Silva. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/L2YC-6TQ)<. Acesso em 02 de dezembro de 2024.

Maria Gomes de Oliveira. Disponível em: >(https://www.familysearch.org/pt/tree/person/details/GZXX-MH4)<. Acesso em 25 de dezembro de 2024.

Biografia de Lampião. Disponível em: >(https://www.ebiografia.com/lampiao/)<. Acesso em 28 de janeiro de 2025.

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